Plataformas, algoritmos e IA: questões e hipóteses na perspectiva da midiatização

Ana Paula da Rosa 234 Figura 04 – Vamos falar de TI. Print de tela com a operação de contato do Spotify com o usuário É interessante observar, por exemplo, que elementos o imaginário da máquina mobiliza. A partir de perfis previamente traçados, somos desenhados (inclusive isso já vem sendo tema de diferentes teses e dissertações, a destacar a de Guilherme Martins centrada na circulação de emoções no Spotify). Não im- porta se eu ouvi músicas suaves e lentas, à tarde eu ouvi músicas de “desgosto”. Não importa se eu tive um ano difícil, com proble- mas de saúde e de trabalho, a máquina me imagina “plenamente feliz”. Os desvios, os erros são parte de toda e qualquer relação de produção de sentido; a diferença é que aqui os dados coleta- dos parecem confrontar a minha própria percepção. Se de um lado há os sentidos que o programa atribui a partir dos meus dados, de outro há os sentidos que eu atribuo a partir dos dados sobre mim. Isso reforça aquilo que Fausto Neto (2013) e Ferrei- ra (2016) argumentam no sentido de que a circulação é marcada por “uma explosão” de defasagens, porque há sempre diferença entre o sentido pretendido e os que, efetivamente, circulam. Nesse jogo, estamos lidando com o imaginário da máquina sobre o homem e os sentidos que este produz, do mesmo

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