Plataformas, algoritmos e IA: questões e hipóteses na perspectiva da midiatização

Ana Paula da Rosa 238 Figura 06 – Desvios na leitura dos traços. Simulação de pessoas distintas, mas com mesmo resultado de busca Outro programa controverso que envolve imagens é o Lensa, um aplicativo lançado pela Prisma Labs em 2018. O app solicita o envio de 10 imagens, preferencialmente do rosto, e recomenda que não seja em grupos. A partir desse conjunto, a inteligência artificial criará imagens de mim. Assim como pos- so eliminar as imperfeições, posso encontrar filtros que transformem a minha imagem em avatar ou em arte. Neste ano, o aplicativo desenvolveu a opção Avatares Mágicos, cujo recurso permite transformar nossas fotos em pinturas ou obras de arte. Inúmeras pessoas ocuparam seus perfis com imagens geradas pelo aplicativo. A brincadeira, o entretenimento da máquina que nos imagina, carrega consigo diversas questões: desde a exclusão ao acesso, o incremento dos estigmas sociais por ideais de beleza que acentuam marcadores (de raça e gênero) historica- mente construídos, o fomento a banco de dados numa servidão voluntária mesmo que o programa alegue a exclusão de dados em poucas horas. Tido como o app mais baixado em dezembro de 2022 na categoria Foto e Vídeo, interessa-nos pensar que não se trata só de acesso, embora esta revolução ressaltada por Verón (2013) implique muitas continuidades e defasagens. Entramos num jogo: se você não paga, não te imagino. Se você não se rende, te excluo do fluxo. Se teus traços não são os padronizados pela cultura, não posso atribuir-te um rosto de pintura dos anos 20. E não é só isso, o avatar gerado pode ganhar

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