Plataformas, algoritmos e IA: questões e hipóteses na perspectiva da midiatização

Midiatização, circulação e semiose social: referências para análise crítica de plataformas e algoritmos 255 Se partimos, no curso de uma investigação, de um conjunto de discursos, tomado como ‘corpus’ (D), este pode ser encarado como uma configuração de superfícies discursivas constituídas por operações que reenviam a uma gramática de produção (GP), a qual se explica, por sua vez, por um conjunto de condições de produção (CP). Se a constituição de uma GP pode ser considerada como um trabalho descritivo, de identificação de invariantes opera- tórias, identificadas no conjunto D de superfícies discursivas, a GP, uma vez caracterizada, permite definir D como uma classe de discurso: este é o caso de uma GP como contrato de leitura de um meio de imprensa, por exemplo. O que interessa aqui é sublinhar o fato de que se a análise nos per- mite articular a classe D de discurso a uma gramática de produção dada, as propriedades de D assim descritas não nos autorizam a inferir os ‘efeitos’ desta classe de discurso na recepção; a classe D está submetida, na recepção, a uma pluralidade de ‘leituras’ e de interpretações, que designamos como Gramáticas de Reconhecimento (GR) de D, e que reenviam, por sua vez, a condições de re- conhecimento (CR) determinadas. Temos aí uma prova capital sobre a não linearidade da comunicação, que resulta do estudo empírico da circula- ção discursiva (Boutaud; Verón, 2007, p. 3).11 11 “Si partimos, en el curso de una investigación, de un conjunto de discursos to- mado como ‘corpus’ (D), éste puede ser encarado como una configuración de su- perficies discursivas constituidas por operaciones que reenvían a una gramática de producción (GP), la cual se explica a su vez por un conjunto de condiciones de producción (CP). Si la reconstitución de una GP puede ser considerada como un trabajo descriptivo, de identificación de invariantes operatorias identificadas en el conjunto D de superficies discursivas, la GP, una vez caracterizada, permite definir a D como una clase de discurso: es el caso de una GP como contrato de lectura de un medio de prensa, por ejemplo. Lo que nos interesa aquí es subrayar el hecho de que si el análisis nos permite articular la clase D de discurso a una gramática de producción dada, las propiedades de D así descritas no nos autorizan a inferir los ‘efectos’ de esta clase de discurso en recepción: la clase D de discurso está sometida, en recepción, a una pluralidad de ‘lecturas’ o de interpretaciones, que designamos como gramáticas de reconocimiento (GR) de D, y que reenvían a su vez a condiciones de reconocimiento (CR) determinadas. Tenemos allí una prueba capital sobre la no-linealidad de la comunicación, que resulta del estudio empírico de la circulación discursiva” (Boutaud; Verón, 2007, p. 3; tradução do autor).

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