Plataformas, algoritmos e IA: questões e hipóteses na perspectiva da midiatização

Midiatização, circulação e semiose social: referências para análise crítica de plataformas e algoritmos 257 riores apresentadas. O resumo de seu artigo (Verón, 2014) explicita bem do que se trata: O texto expõe uma perspectiva de longa duração, qualificada como antropológica, a respeito da mi- diatização, observando que os fenômenos midiá- ticos são uma característica universal de todas as sociedades humanas, desde um primeiro estágio de semiose humana, iniciado há cerca de dois e meio milhões de anos atrás, com a produção de ferramentas de pedra. As consequências do fenô- meno midiático da exteriorização dos processos mentais são discutidas, sendo destacados os momentos cruciais da midiatização, com respeito à aceleração do tempo histórico, bem como as rup- turas entre espaço e tempo produzidas pelos dispositivos técnicos. Os fenômenos midiáticos são uma precondição de sistemas sociais complexos, e por isso a midiatização possui tanta importância quanto estes (Verón, 2014, p. 13). Esta perspectiva acentua a abordagem semiótica – “a capacidade semiótica de nossa espécie” que consiste “na exte- riorização dos processos mentais na forma de dispositivos ma- teriais” –, mas dela decorrem vários questionamentos possíveis, entre os quais situamos dois: como falar em gramática de pro- dução e reconhecimento quando se fala em signos materiais que nem sempre são discursos sociais? Se a midiatização é fundante da espécie, como situá-la como fenômeno vinculado às socie- dades de mercados e industriais (argumento de Verón no texto citado acima quando fala da abordagem de Stig Hjarvard, neste texto de 2014)?13 Esta exteriorização não se encerra na materializa- ção em dispositivos, pois, aí, começa um processo semiótico permanente: 13 “Argumentarei aqui uma visão quase oposta, a favor da perspectiva histórica de longo prazo da midiatização. Quão longa deveria ser essa perspectiva? Como veremos, quanto mais longa, melhor, e isso justifica a qualificação de tal perspectiva como antropológica” (Verón, 2014, p. 14).

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