Plataformas, algoritmos e IA: questões e hipóteses na perspectiva da midiatização

Jairo Ferreira 262 Essa formulação nos diz que se trata da simulação de operações mentais, mas também aponta para a diferença entre lógicas computacionais e o fenômeno que pretende simular. Tra- tando-se de lógica proposicional (“se... então...”), refere-se mais aos algoritmos do que à inteligência artificial. Voltaremos a essa questão na próxima seção. Importante, neste processo, é situar a simulação como uma predição pretendida, mas questionável, na perspectiva da midiatização, pois, em processo, enfrenta-se com uma diversi- dade de sentidos na esfera da recepção, incluindo aqueles constituídos em coletivos construídos. Avaliamos, aqui, a pertinência da diferenciação entre mapas e territórios. A simulação, neste sentido, pode ser compreendida como um mapa. O longo percurso de dispositivos mi- diáticos, desde as gravuras rupestres até os programas de Inte- ligência Artificial, pode ser compreendido como mapas: mapas em imagens; mapas sonoros; outros mapas analógicos; mapas das operações lógicas; mapas sociodiscursivos; mapas das redes cerebrais (IA); etc. Para cada um destes mapas, há um território; um mesmo território pode ser objeto de vários mapas. A impor- tância de pensar em termos de mapas é considerar a complexi- dade da semiose (irredutível a uma estrutura discursiva, a um imaginário, a índices do real, mas, ao mesmo tempo, incluindo todos estes “ingredientes” na forma de um mapa). Se é verdade que todos os indivíduos têm mapas mentais, somente uma parte dos indivíduos da espécie desenvolvem mapas em dispositivos materiais com a potência de acionar escalas de reconhecimento ampliados socialmente. A diferenciação entre mapas e territórios é uma ques- tão central observada por Bateson: Na região obscura onde a arte, a magia e a religião se encontram e se sobrepõem, os seres humanos desenvolveram a ‘metáfora que se pretende’, a bandeira pela qual os homens morrerão para salvar, e o sacramento que é sentido como mais do que ‘uma expressão exterior e sinal visível que nos foi dado.’ arguments upon the partial but important analogy which exists between them” (Bateson, 1973, p. 3; tradução do autor).

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