Plataformas, algoritmos e IA: questões e hipóteses na perspectiva da midiatização

Nunca fomos midiatizados 301 titucional, já que a concepção holística da sociedade não pode, é claro, excluir suas instituições, mesmo que sejam analisadas como partes do sistema social. Na próxima seção, relacionamos essas características com as abordagens latino-americanas da midiatização, em busca de correspondências e divergências. 3. Abordagens latino-americanas da midiatização Agora, se relacionarmos as abordagens europeia e lati- no-americana entre si, poderíamos sustentar que a abordagem latino-americana pode ser descrita como uma mistura das abordagens tecnossemiótica e social-construtivista. Nesta aborda- gem, os meios de comunicação social são estudados como um ambiente que remonta aos primórdios da civilização, mas este ambiente não inclui apenas as instituições dos meios de comuni- cação social (como acontece na perspectiva social-construtivista europeia), mas também a “semiose”, isto é, os sistemas de signos. Isso significa levar em consideração também as tecnologias pelas quais os signos são disseminados e circulam na sociedade, bem como os significados produzidos entre as pessoas que vivem neste ambiente simbólico. A abordagem latino-americana da midiatização é teorizada entre estudiosos como Eliseo Verón (e.g., 2014a), Jairo Ferreira (2007), Antônio Fausto Neto (e.g., Fausto Neto et al., 2008), e distintamente resumida pelo falecido Ciro Marcondes (2022), naquela que acabou sendo sua última afirmação teórica. Ao contrário das abordagens europeias, a América La- tina combina a perspectiva histórica mais longa e a concepção dos meios de comunicação como meios sempre já integrados no processo social com uma forte dose de semiótica. Este foco no lado textual da midiatização pode ser parcialmente explica- do pelo fato de vários pesquisadores latino-americanos terem realizado seu doutorado na França nas décadas de 1960 e 1970 (essas influências são discutidas em Scolari et al., 2021), o que significa que a formação do seu pensamento ocorre no mesmo ambiente e ao mesmo tempo que o de Baudrillard. Mas enquan- to Baudrillard mantém uma perspectiva histórica mais curta, os latino-americanos insistem em voltar às pinturas rupestres

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