Plataformas, algoritmos e IA: questões e hipóteses na perspectiva da midiatização

Comunicação e midiatização entre deuses e homens 319 6. Para ver plataformas e algoritmos Em plataformas e algoritmos não há transcendência; ao contrário, são reais e tecnológicos, ou seja, supõem uma ra- cionalidade e objetivos a atingir com clareza prévia. Se não são transcendentes, as mídias, e sobretudo as digitais, são dimensões históricas e nos levam a pensar como atingem e influen- ciam as realidades sociais e culturais; nesse sentido, platafor- mas e algoritmos filtram a realidade sociocultural, dando-lhe padrões de realidade virtual: Assim a realidade virtual pressupõe e assume modos específicos de se olhar a realidade, os quais são então incorporados à própria tecnologia e fi- nalmente por ela flexionados, como parte de um processo recursivo e interativo estabelecido entre ela e os usuários (Hillis, 2003, p. 105). Sobre a realidade dos homens se acopla o virtual que nos leva a rever o ambiente no qual vivemos e o modo como a realidade virtual pode modificá-lo, transformando-o em lugar/ ambiente no qual trabalhamos, comunicamos, vivemos e troca- mos sentimentos: agora, a realidade é virtual. Como remediação do modo de viver e sentir do passado para o presente, significa que podemos encontrar, na reali- dade virtual, os elementos que já estavam presentes no passado próximo ou distante de uma realidade que, histórica, se estabelece em relações espaçotemporais demarcadas, embora possi- velmente superadas. Se para a realidade histórica o tempo era cronológico e datado através de um antes e depois, e o espaço, limitado entre perto e distante; na realidade virtual, os mesmos parâmetros continuam a situar o real, mas se o tempo é real e sem medida porque, simultâneo e sem cronologia; o espaço é ubíquo e em fronteira porosa que superpõe o aqui e o agora, banalizando-os. Nessa nova realidade, é possível que, virtuais, o tempo e o espaço se conectemno ambiente comunicante que não se situa, mas se faz sentir pelo modo como nos leva a processar a informação e reconhecer nossas extensões físicas e mentais, enquanto ampliações de nós mesmos. Entre plataformas e algo-

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