Plataformas, algoritmos e IA: questões e hipóteses na perspectiva da midiatização

Comunicação e midiatização entre deuses e homens 323 No primeiro caso, temos uma ciência de base antropocêntrica, no segundo, o sujeito se coloca como espécie que se ambienta enquanto procura encontrar, no convívio coletivo, as alternativas de saber, para poder viver. No primeiro caso, a ciência é imunizante na medida em que propõe leis de sentido totalizante; no segundo, a ciência é empírica e experimenta al- ternativas, a fim de selecionar os possíveis instrumentos da imunização. Nesse sentido, a seleção das espécies é uma forma imu- nizante da espécie/homem, mas é também, e ao mesmo tempo, sua condenação definitiva, se não corresponder àquilo que se considera próprio à espécie. Nesse sentido, a mídia, enquanto forma de poder dos modos de pensar e sentir, encontra, na ciên- cia desde Darwin, a forma adequada de conservar e melhorar a espécie e se transforma em uma tecnoimunização dirigida, ao mesmo tempo, ao corpo e à mente, enquanto o homem se trans- forma de objeto de mídia em sujeito da sua midiatização: Mientras hasta cierto punto fue el hombre quién se proyectó en el mundo, ahora es el mundo, y luego también en el universo, en todos sus componentes naturales y artificiales, materiales y electrónicos, químicos y telemáticos, el que penetra dentro de él en una forma que parece abolir la separación misma entre adentro y afuera, derecho y revés, superficial y profundo: en vez de limitar-se a asediarnos desde el exterior, la técnica se instaló en nuestros propios miembros... (Ahí) se tratamás bien de una interacción entre distintas especies, o inclusive entre mundo or- gánico y mundo artificial, que implica una auténtica interrupción de la evolución biológica por medio de la selección natural y su inscripción en un régimen de sentido diferente (Esposito, 2005, p. 208/209). De certa forma, podemos entender que o desenvolvi- mento da mídia acompanhou a transformação da subjetivação e passou da fase em que ela estava imediatamente atrelada à mídia como massa e opinião dominadas pela imitação, até sua dimensão de sujeito que utiliza a técnica como seu criador e, portanto, transformador da sua individuação, até sua dimensão metaindividual (Simondon, 2007, p. 131 e segs.).

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