Perspectivas e questionamentos sobre o advento das plataformas culturais e de informação 33 entre os primeiros, há pouco mais de dez anos, a interessar-se pelo termo, em particular a considerar a atividade dos trabalhadores na economia digital, bem como a partilha (em outras palavras, a economia partilhada), ambas possibilitadas pelos novos recursos digitais. A esta perspectiva estritamente gerencial somaram-se então trabalhos relativos à filosofia política, notadamente aqueles bastante conhecidos de Nick Srnicek sobre o “capitalismo de plataforma”, bem como as propostas de Patrice Flichy descrevendo novas formas de trabalho e focan- do em mostrar que o individualismo é agora cada vez mais conectado à tecnologia. 2. O importante é notar que as plataformas não sur- gem ex nihilo; as atividades que elas executam e “organizam” correspondem muito precisamente a atividades já organizadas anteriormente (para al- guns às vezes há um século), no âmbito das quais as designamos (cf. Miège, 2015) como lógicas de infocomunicação social; assim, as PF mobilizam mais particularmente as seguintes lógicas sociais que convém recordar aqui sem poder detalhar as suas modalidades: • Informacionalização, processo hoje mais co- mumente referido pelo termo mais restritivo datificação; • Individualização e forte diferenciação de práticas (comunicacionais, informativas e culturais); • A transnacionalização progressiva dos produ- tos culturais e informativos; • Correlativamente, a crescente industrialização da cultura, da informação e especialmente das comunicações; • Conduzindo a uma articulação reforçada, mas ainda conflituosa entre indústrias, redes, ma- teriais e conteúdos – favorecidas (aceleradas) pela utilização generalizada de técnicas digitais;
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