Plataformas, algoritmos e IA: questões e hipóteses na perspectiva da midiatização

Algoritmo digital interacional 337 Mas não é sensível a dimensões não previstas. Ou se não, só tem condições de “aprender” novas dimensões (não previstas em seu planejamento original) na medida em que estas novas dimensões surjam e se estabeleçam socialmente fora do acionamento do algoritmo e, ainda no ambiente social, desenvol- vam relacionamento com os enfoques programados. Tudo isso dependendo do atingimento de uma proporção de alcance suficiente para que o algoritmo rastreie e inclua tais dimensões. Ou seja: o algoritmo só “aprende” o que já tenha sido ante- riormente aprendido em modo criativo no contexto social por seus usuários – que passariam, só então, a fornecer estes dados renovado C s o . mo o algoritmo estimula seus interlocutores a permanecerem instalados nas mesmas dimensões originais pro- postas, a probabilidade de renovação se reduz. O algoritmo ten- de a ser um sistema fechado de aprendizagem. Como os participantes sociais aprendem a cultura dos ambientes de que participam, podemos considerar que o con- vívio frequente com dispositivos algorítmicos digitais estimula igualmente um reforço para a mesmidade ambiental, para a per- manência em um único nicho, estimulando uma incompetência de aprendizagem de situações novas. Quanto mais os participantes aprendam (passivamente) a interagir com o algoritmo – obe- decendo à conformação que este faz do próprio participante e de suas escolhas anteriores e de seu modo de interagir na sociedade –, menos disponíveis estarão para, diante de novas si- tuações, aprender criativamente a enfrentá-las por experimen- tações próprias, seja em nível individual, seja nos termos compostos de qualquer tipo de ação social pela qual se inscrevam na sociedade abrangente. A espera de uma nova solução auto- mática arrisca tornar os participantes sociais colonizados pelos interesses do algoritmo e por seus próprios hábitos anteriores, agora reforçados. O desafio posto por esta questão é o de como fazer o algoritmo perceber/acolher ângulos inovadores dos problemas e acolher seleções pessoais ou grupais em perspectivas revigo- rantes ou críticas, que estimulem novos aprendizados sobre o mundo. Ou, melhormente: como desenvolver interações sociais que contornem o algoritmo.

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