José Luiz Braga 340 variável entre estabilidade garantidora de continuidade cultural relevante para a espécie e o espaço de ajuste, renovação, correções de percurso e descoberta de objetivos superadores do status quo. Os desafios anteriores mostram que os algoritmos enfatizam tendências probabilísticas majoritárias em sua captação de dados, favorecendo escolhas sociais e individuais anteriores – já razoavelmente estabilizadas. Ou seja: tendem a selecionar o já selecionado. Ao mesmo tempo, desestimu- lam a aprendizagem criativa, na medida mesmo de seu automatismo, e arriscam favorecer uma articulação fechada da diversidade. Isso corresponde a apartar as variações, reduzindo sua possibilidade de oferecer ações e discursos que possam ser selecionados para compor os padrões mais abrangentes da práxis social – desequilibrando a flexibilidade da incidência mútua entre os padrões macrossociais (abrangentes) e os pa- drões micro (individuais e de grupos setoriais). A incidência de cima para baixo se torna exacerbada; a incidência de baixo para cima, dificultada e empobrecida. Percebida essa tendência de desequilíbrio, que priori- za o exercício dos padrões estabelecidos, que restringe tanto as variações setoriais como sua possibilidade de seleção – o desa- fio, aqui, é o de como evitar o esclerosamento social – que per- de qualidade adaptativa, transformadora e superadora, assim como de correção de rumos. 4. Derivações e conclusão Os cinco desafios comentados acima são apenas um pequeno conjunto que, de um ponto de vista propriamente co- municacional (referente à interação social), ilustra o estado geral da questão. Outros autores e outros ângulos de observação oferecem percepções variadas – que, no conjunto, compõem uma apreensão abrangente. Mittelstadt et al. (2016) assinalam alguns proble- mas éticos relacionados aos processos e acionamentos de algoritmos:
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