José Luiz Braga 344 Isso significa que não podemos apenas contar com mais e melhores algoritmos para resolver os desafios e reparos assinalados. A questão implica uma necessária inventividade so- cial e individual de setores sociais em seu relacionamento com processos interacionais nucleados por algoritmos – para acioná- -los, para selecionar entre seus efeitos, para driblar sua eficácia direcionadora genérica através de redirecionamentos ad hoc em função de preferências, interpretações e circunstâncias específi- cas dos diferentes usuários. A diversidade de desafios e de ressalvas a usos do algoritmo interacional mostra bem que não há solução abrangente para os problemas. Devem ser acionadas táticas variadas de en- frentamento – por área de atuação, por perspectivas especificadas, por estratégias sociais focadas. Por outro lado, não se pode depender apenas de um encaminhamento caso a caso para “consertar defeitos” de algoritmos singulares. Uma questão ampla relaciona o conjunto de riscos e desafios, referente à própria lógica dos algoritmos em pauta: sua processualidade interacional, que incide sobre as ações humanas em todos os níveis, dos indivíduos aos grupos e setores, até a sociedade geral. Assim, entre os extremos pouco eficientes do caso a caso e da busca de uma solução singular abrangente, creio que uma compreensão das correlações entre os desafios específicos e as deformações interacionais resultantes favorece a percepção de conjunto para a multiplicidade de ações e estratégias de enfrentamento – de que assinalaremos algumas linhas que nos parecem prioritárias e possivelmente produtivas. Ações no espaço interno da expertise tecnológica. Alguns desafios trazidos pelos algoritmos digitais interacionais podem e devem ser resolvidos diretamente na própria elaboração do algoritmo – ou na correção da estrutura dos já em ação. Seja na definição de categorias de seleção, no processo para cap- tação de dados, na busca de correlação adequada entre input e output, no ajuste dos objetivos (para os desenvolvedores) e do fornecimento (para os usuários), seja ainda na transparência das lógicas e estratégias diante dos usuários. Isso implica um desenvolvimento das competências tecnológicas e da criatividade – voltadas não apenas para o aten-
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