Plataformas, algoritmos e IA: questões e hipóteses na perspectiva da midiatização

Conceituando o viés de comoditização na moderna troca de notícias algorítmica 45 menos poderosos (Klapper, 1960). Eles mostraram evidências de que, no seu consumo de mídia cotidiano, as pessoas são ativas e seletivas, e não totalmente influenciadas pela mensagem (Ball- -Rokiech e De Fleur, 1976). Finalmente, a maior parte de nossas necessidades comunicacionais (incluindo necessidades de infor- mação atualizada sobre o mundo) são satisfeitas pelos meios de comunicação interpessoais (Blumler e Katz, 1974). Mas, em todos esses trabalhos, essa comunicação interpessoal representava essencialmente a “caixa preta” ou uma “fonte de ruído” que dis- torce mensagens originais dos meios de comunicação de massa e não funciona de acordo com os princípios da doutrina de dis- tribuição de massa. Esse campo ficou exclusivamente reservado aos psicólogos sociais, aos antropólogos e etnometodologistas que estudavam a circulação de mensagens no âmbito interpes- soal. Assim, ela foi constantemente separada da comunicação de massa como campo institucionalizado pelos pesquisadores. Até mesmo a questão do uso da interação interpessoal midiatizada, como o telefone e o e-mail para disseminar notícias profissionais, nunca foi um objeto sério de pesquisa no campo da comunicação de massa, embora tais plataformas representassem uma parte do novo setor extremamente poderoso nas indústrias de comunica- ção modernas – os serviços de telecomunicação – e embora as gigantes da telecomunicação, que acumulavam o capital com base em tais serviços, se tornassem atores importantes no campo da mídia e das indústrias de entretenimento. O conceito de viés aparece nas teorias de comunicação de massa relacionado aos efeitos midiáticos e se refere ao cha- mado “viés de confirmação”: a capacidade maior das mensagens dos meios de comunicação de massa em confirmar opiniões preexistentes das pessoas em vez de contradizer opiniões já existentes (Klapper, 1960). Mas a noção de viés se tornou muito maior do que apenas um viés no nível do consumo de informa- ção por parte dos consumidores. Posteriormente, o conceito de viés foi amplamente empregado para significar orientação ideológica de relatos particulares da mídia de massa (Groseclose e Milyo, 2005) ou para designar uma propensão de informações que depende de um conjunto complexo de fatores (Gentzkow e Shapiro, 2006). A visão neoliberal de como resolver o proble- ma do viés propôs as nada surpreendentes soluções clássicas

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