Conceituando o viés de comoditização na moderna troca de notícias algorítmica 49 o que é tido como jornalismo, jornalismo partidário e a ordem de desinformação de ultradireita” (Bennett e Livingston, 2018, p. 125). Em decorrência disso, tal mistura minou o princípio dialógico da esfera pública. Ela criou, em vez disso, um fluxo in- controlável de informações disseminadas por meio das redes in- terpessoais. Nessa situação, isso contribuiu para a formação de filtros-bolha (Pariser, 2012), em que, no lugar do diálogo, as re- des sociais formaram comunidades de discurso isoladas. Nesses espaços, a circulação de informações com base no fluxo paralelo de comunicação interpessoal se tornou muito visível e pública. O princípio da divulgação de informações, nessas redes sociais, é altamente mimético e viral (Rushkoff, 2010), enquanto o efeito público e a cobertura são mais amplos do que no âmbito pu- ramente interpessoal. O surgimento das chamadas fake news, a desinformação estratégica, ensejou a “ordem da desinformação”, na qual tanto movimentos radicais de direita quanto de esquer- da se tornaram uma resposta comum ao uso das redes sociais corporativas para a distribuição de informações. Uma vez que as redes sociais corporativas e as má- quinas de busca (amplamente dominadas pelo Google) estão moldando significativamente a disseminação contemporânea de informações, independentemente de qual seja sua fonte de produção, a natureza neutra de tais tecnologias pode também ser questionada. Em primeiro lugar, porque as redes sociais corporativas (como Twitter, Facebook) são empresas comerciais cujo modelo de acumulação de capital depende da acumulação e uso de dados pessoais. Esses dados pessoais são armazenados, organizados em perfis e servem para classificar, categori- zar e ordenar os usuários para lhes propor anúncios ou links de busca (no caso do Google) direcionados aos seus interesses. A decisão sobre o que propor a um usuário específico é feita auto- maticamente com base no algoritmo da plataforma que calcula automaticamente o preço da publicidade. Assim, no centro desta transação não estão os interesses do usuário, e sim os interes- ses no acúmulo de capital da plataforma. As plataformas estão envolvendo os usuários na produção ou no compartilhamento de conteúdo para incentivá-los a produzir cada vez mais dados e mais dados de relações sociais pessoais (quem está curtindo
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