Conceituando o viés de comoditização na moderna troca de notícias algorítmica 51 dados dos usuários. O novo modelo também é, em grande parte, baseado em receitas de publicidade e na exploração da audiên- cia, mas a diferença central reside no fato de que o trabalho é explorado não apenas para criar a mercadoria de audiência (ao consumir conteúdo), mas também para criar o próprio conteú- do. A mercadoria de prosumidor-internet supõe o duplo proces- so de produção. O processo de produção P1 implica o investimento das plataformas de redes sociais corporativas em tecno- logias (servidores, etc.) e trabalho remunerado cujo resultado são os serviços de redes sociais (as plataformas específicas) que são disponibilizadas sem custo para os usuários. No estágio se- guinte – a produção de conteúdo P2 – os usuários, ao usarem a plataforma de rede social, geram os dados pessoais, os dados de transação e o conteúdo produzido pelo usuário, os quais re- presentam a mercadoria de prosumidor da internet vendida aos anunciantes (Figura 1). Em parte, os usuários e, em parte, os empregados das empresas criam a mais-valia contida nessa mercadoria. A diferença é que os usuários não são pagos e, assim, são infinitamente explorados. Quando a mercadoria dos dados dos prosumido- res da internet, que contêm o conteúdo gerado pelos usuários, os dados de transações e o direito e possibilidade de acessar e de direcionar o espa- ço e o tempo de publicidade virtual, é vendida aos clientes anunciantes, a mercadoria é transformada em capital monetário e a mais-valia é transforma- da em capital monetário (Fuchs, 2017).
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