Plataformas, algoritmos e IA: questões e hipóteses na perspectiva da midiatização

Conceituando o viés de comoditização na moderna troca de notícias algorítmica 55 que estejamos lidando com mídias de base ou com mídias não comerciais (por exemplo, o jornalismo cidadão), ou o jornalismo partidário, há uma comoditização do prosumidor das redes so- ciais, em cujo interior há um viés de orientação para o conteúdo mais emocional, atraente, menos sério e, portanto, menos volta- do para notícias. Se nos referirmos à disseminação de conteúdo de notícias profissionais através dos agregadores (como notícias do Google), também deveríamos levar em conta que seus algorit- mos são amplamente dominados pela lógica de palavras-chave do algoritmo de publicidade do Google. Por conseguinte, a capa- cidade de disseminação de notícias profissionais nos agregado- res de notícias também depende das lógicas puramente comerciais da publicidade. 5. (In) Conclusão: viés de visibilidade O conteúdo “leve” voltado para o entretenimento, jun- tamente com os títulos “atrativos”, notícias não verificadas, rela- tos de escândalos, conspirações populares, etc. são, por fim, privilegiados pelos algoritmos das redes sociais e pelos algoritmos dos agregadores de notícias. A visibilidade de tais conteúdos tende a ser mais alta. Por isso, a questão das fake news, da desinformação e das ameaças híbridas relacionadas com as redes sociais se tornaram centrais nas políticas restritivas de diferen- tes países, especialmente depois do relatório de Mueller sobre a interferência russa nas eleições presidenciais americanas em 2016. A Força-Tarefa East StratCom, criada pela União Europeia, concluiu que, para combater a atual campanha de desinformação da Rússia contra a União Europeia e a Ucrânia, ações proati- vas com foco em estratégias de comunicação eram necessárias para proteger a região e suas áreas vizinhas orientais (Iosifidis e Nicoli, 2020.) Em 2018, a União Europeia publicou o relatório “Combate à desinformação on-line: uma abordagem europeia" (União Europeia, 2018), propondo um marco de ação completo sobre a questão das fake news. No relatório, a ação 1 (Transparência do ecossistema de informação) e a ação 3 (Empoderamento dos usuários e jor-

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