Interação plataformizada no mundo multipolar 73 Assim, surgem questionamentos sobre a qualidade noticiosa quando seus conteúdos são transplantados, ou quando produzidos à consciência, para circulação em TikTok, sua pre- sença em bolhas de WhatsApp ou mesmo na arquitetura mais aberta do Instagram ou do Facebook. Do X (antigo Twitter) re- sulta claro o que aponta Ferrara (2023), naquilo que nos aproxi- ma do Estado pós-Agamben, um Estado de exceção, agora militarizado e tecnológico, cujas nuances experimentamos num Brasil povoado com uma das grandes populações carcerárias do mun- do. Empiricamente é necessário assinalar as bases da produção noticiosa que nos aproxima do Estado de exceção. Ameaçado por rupturas que fazem tremer os estamentos institucionais que pretendem sustentar a vida democrática, tendo os limites do poder ameaçados, os direitos humanos vulnerados, a prática da biopolítica e de vigilância, as levas migratórias, especialmen- te de refugiados, o Brasil tem na atividade noticiosa um trabalho que nem sempre se reconhece estar à mercê de múltiplas demanda C s. resce, ao mesmo tempo, a autocratização da sociedade, apoiada nos procedimentos protegidos por sigilo industrial das corporações de plataformas e que são introjetados nos pro- cessos algorítmicos de mídias sociais digitais. Se anteriormente as mídias sociais foram proclamadas como o ápice dos proces- sos interativos, seu uso em atividades eleitorais do Brasil em 2018 e 2022 indica uma reconversão desse processo. Referências ADLER, E.; DRIESCHOVA, A. The Epistemological Challenge of Truth Subversion to the Liberal International Order. International Organization, v. 75, n. 2, p. 1-28, 2021. https:// doi.org/10.1017/S0020818320000533 BOLIN, G. The Value Dynamics of Data Capitalism: Cultural Production and Consumption in a Datafied World. In: HEPP, A.; JARKE, J.; KRAMP, L. (ed.). New Perspectives in Critical Data Studies. London: Palgrave Macmillan, 2022. p. 167- 186. https://doi.org/10.1007/978-3-030-96180-0_8.
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