Plataformas, algoritmos e IA: questões e hipóteses na perspectiva da midiatização

Anatomia da polarização e barbárie comunicacional 81 volvidas nesse processo interacional específico, exemplificada a partir do contexto brasileiro. Neste âmbito, o condicionamento dos efeitos de sen- tido pela instância de reconhecimento nos processos circulatórios se configura a partir da estruturação de um “supercódigo” (Braga, 2020). Levantamos aqui a possibilidade de agregar ao conceito os processos circulatórios, analisando como o supercódigo incide, através de uma “descirculação”, enquanto processo interacional específico promovido no interior das bolhas infor- macionais polarizadas. Propõe-se aqui uma compreensão sistêmica destes processos circulatórios, que se dá a partir de três níveis: 1) nível estrutural, 2) nível semântico e 3) nível das processualidades, conforme o quadro a seguir (Figura 1). Busca-se, a partir daí, desenvolver um esboço inicial para uma anatomia midiática da extrema-direita no Brasil, necessária para compreender os processos específicos e genéricos que tomam corpo no cenário co- municacional brasileiro na atualidade. Figura 1 – Quadro resumo da anatomia midiática da extrema-direita no Brasil Fonte: Elaboração da autora. 1 Nível estrutural: midiosfera extremista Diversos autores no campo sociológico e da ciência política tentam enquadrar o fenômeno da “nova direita” (Or- tellado e Solano, 2016; Duda da Silva, 2018; apud Ratier, 2020) ou “direita antipetista” (Ortellado e Ribeiro, 2018, apud Ratier, 2020). Talvez seja até complicado perceber a direita como gru- po ou grupos, pois, mais do que um movimento político nos moldes tradicionais, esta atualmente abarca também o espec-

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