Para não dizer que não falei das nuvens 99 Figura 1 – Isabel Löfgren, “Nuvem.jpg”, da série Acúmulos, 2005. Crédito: Coleção da artista. Foto-colagem, 60x80cm. Logo no início dos anos 2000, eu era uma jovem artista das novas mídias, caçando nuvens no aplicativo Google Earth e ressignificando-as com imagens provenientes do recém-inaugurado dispositivo de busca de imagens, o Google Images, utilizan- do um software de código aberto de geração de imagens, uma espécie de IA primitiva (Figura 1). Paralelamente, eu trabalhava em uma pequena start-up da Internet 1.0, era blogueira, tinha perfis no Orkut e no Flickr, e participava de diversas comuni- dades de software peer-to-peer. No campo político, vivenciamos a primeira eleição de Lula, em 2002, e éramos embalados pelo otimismo das primeiras edições do Fórum Social Mundial em Porto Alegre, onde enxergávamos a possibilidade de participação da sociedade na transformação digital do novo milênio. O então ministro da Cultura, Gilberto Gil, levava a sério as políticas culturais digitais, acreditando que novos modos de socialização digital acessíveis a todos criariam uma Internet livre e democrá- tica (P2P Wiki Foundation, s.d.). Sempre atento às revoluções tecnológicas, como demonstrado na música “Cérebro Eletrônico” (1969), composta
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