Redes, sociedade e pólis: recortes epistemológicos na midiatização

Circulação e transformações dos discursos jornalísticos 103 máticas e de lógicas distintas, que norteariam as condições de produção de sentidos através de “feixes de relações” organiza - das segundo dinâmicas de descontinuidades e de assimetrias. Os efeitos de sentidos que emergiriam das práticas de comu- nicação resultariam de um trabalho de uma intercambialidade discursiva caracterizado por inevitável “desarticulação” entre significados produzidos pelos polos da comunicação. Vale lembrar, de modo sucinto, que a problemática da circulação já apareceria envolta em uma complexidade de pro - tocolos comunicativos no âmbito do contato interpessoal, pas- sando pela comunicação mediada por tecnologias, como os mass media , e assumindo novas características na ambiência da mi- diatização em processo. Em qualquer um destes cenários, a cir- culação seria o resultado da diferença da relação (assimétrica) de enunciações engendradas nos âmbitos de produção e recep- ção de discursos. Este artigo não pretende tratar a questão da circulação de modo abrangente, mas recuperar, deste amplo e complexo ce - nário, alguns aspectos que ajudam a compreender o papel que ela tem nas mutações que sofrem, ao longo das últimas décadas, processos comunicacionais de natureza jornalística. Apresentamos, inicialmente, algumas características do funcionamento da circulação, destacando aspectos de seu trabalho de transmissão de mensagens no contexto da “ socie- dade dos meios” e no qual os mass media tiveram importância central como estruturas mediadoras. O processo de enunciação estava centralizado em lógicas e gramáticas dos meios de comu- nicação de onde se gerava a produção e transmissibilidade de mensagens para os receptores. A circulação teria apenas uma função auxiliar, qual fosse, a de promover a veiculação de men - sagens, mas dela não se destacava nenhum aspecto de um outro trabalho, como, por exemplo, a articulação das interações entre instituições produtoras de mensagens e seus receptores. Destacaremos uma outra perspectiva, que situa a dinâ- mica da circulação na arquitetura comunicacional da sociedade em midiatização, na qual o funcionamento de todas as práticas sociais é afetado, de modo reciprocizante, por lógicas e opera- ções tecno-midiáticas. Vínculos são gerados entre chamadas velhas e novas mídias, e as relações entre os polos da comuni-

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