Redes, sociedade e pólis: recortes epistemológicos na midiatização

Antônio Fausto Neto 104 cação se fariam através de entrelaçamentos de operações que se manifestariam segundo feedbacks complexos, de natureza não linear, indo além de retroações regulatórias. Nessa paisagem, a circulação deixa vestígios, expressando pistas sobre um modelo interacional o qual, além de mostrar que ela não é apenas uma “zona de passagem”, evidencia a realização de um outro tipo de trabalho na configuração de novas condições de produção e de efeitos de sentidos. II - Circulação na paisagem transmissional De um ponto de vista mais clássico, a noção de circula- ção aparece no processo comunicacional-jornalístico associada às funções atribuídas aos meios e suas operações. Sua dimensão mediadora é destacada através de tarefa por eles realizada, a de codificação da realidade, e que se faria na tentativa de res - tituição da “cena primária”. Esta somente viria à tona através de operações de caráter discursivo materializadas na notícia enquanto formação substitutiva. É neste nível que se destaca a protagonização da pedagogia do jornalismo, enquanto trabalho representacional. Este “sistema de codificação” corresponde ao que Darnton atribui às normas que se edificam na fronteira do pró - prio campo jornalístico e que o leva a afirmar que tudo aquilo que estiver em convergência com a sua racionalidade é objeto do trabalho da noticiabilidade (DARNTON, 1990). Assim desponta a racionalidade mediadora do trabalho jornalístico: restaurar o real através da natureza de sua atividade enunciadora. Este pressuposto enfatiza a centralidade do sistema jornalístico en- quanto um determinado lugar, espécie de um “sistema leitor”. Esta perspectiva chama atenção para o trabalho jorna- lístico como prática transmissional,, não captando, ainda, que, a despeito de sua racionalidade, o discurso jornalístico estaria imerso em meio a outras dinâmicas de enunciações em cujos cenários a circulação seria uma instância dinamizadora de co- nexões, de contaminações de vários signos e de discursivida - des, segundo operações alicerçadas em diferentes “gramáticas”. Segundo ainda a perspectiva transmissional, a circulação seria

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