Redes, sociedade e pólis: recortes epistemológicos na midiatização

Discutindo a mediatização da política a partir do caso português 137 das: SIC e TVI. O estudo tem como unidade de contexto da análi - se os noticiários do horário nobre nos canais generalistas RTP1 2 , SIC e TVI (transmitidos às 20 horas) e no canais por cabo RTP3 3 , SIC Notícias e TVI24 (transmitidos às 21 horas). A análise engloba o período compreendido entre 2000 e 2015. A escolha deste período temporal deve-se ao facto de ter sido no ano 2000 que o comentário fixo, e de regularidade semanal, instituiu-se nos noticiários de prime time na televi- são portuguesa. Além disso, foi nesta década que os canais por cabo começaram a operar, aumentando a competitividade no mercado dos media . Foi também neste período que se assistiu à profissionalização da comunicação política em Portugal, vi- sível numa adaptação ativa dos atores e instituições políticas às lógicas mediáticas, contratando especialistas e acomodando departamentos com a tarefa centralizadora de definir, imple - mentar e gerir uma estratégia política orientada pelas lógicas mediáticas. A abordagem sistemática e longitudinal seguida por este estudo visa investigar como evoluiu o perfil dos comenta - dores ao longo dos anos e apreender a relação entre os media e a política. Para tal, utilizamos o conceito de mediatização da política para guiar a pesquisa empírica. A partir do exposto na secção anterior do texto, este conceito pode ser sintetizado em duas grandes premissas: (1) a relação de forças entre os me- dia e a política estrutura-se no predomínio de um campo sobre o outro, e (2) a interdependência crescente entre as diversas áreas da vida e as infraestruturas tecnológicas de comunicação (DRIESSEN et al ., 2017; COULDRY; HEPP, 2017) tem conduzi - do ao domínio das lógicas mediáticas e à reconfiguração da política (MEYER, 2002; STRÖMBÄCK, 2008; COULDRY, 2010; MARCINKOWSKI, 2014; ESSER; STRÖMBÄCK, 2014). Estas premissas estão na base da operacionalização do conceito de mediatização da política e, consequentemente, das hipóteses 2 Como a RTP2 foi projetada para atender às expectativas de nichos específicos e não segue o mesmo tipo de estratégia generalista que os outros canais de acesso aberto, a RTP2 foi excluída desta análise. 3 A RTP comprou o canal de notícias em 2004, e desde então o canal mudou de designação por três vezes: RTP Notícias (2004-2011), RTP Informação (2011- 2015) e chama-se RTP3 desde 2015.

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