Redes, sociedade e pólis: recortes epistemológicos na midiatização

Religiões na pólis midiática: midiatização, evangélicos e política no Brasil 161 turais e políticas que envolvem o islamismo e as religiões asiáti- cas; a emergência das teologias contextuais que buscam respon - der a demandas de movimentos sociais identitários (teologias negras, teologias feministas, teologias da libertação – latino-a- mericana, dalit, minjung, africana, por exemplo). No caso brasileiro, além de ser importante se conside- rar o poder do catolicismo e o lugar das teologias contextuais, é preciso reconhecer que há um lugar consolidado das religiões no espaço público, que delineia formas de relação entre religião e política no País, que inclui participação político-partidária, mas vai muito além dela. Poderíamos listar vários elementos que demonstram isto: (1) inúmeros programas sociais em parceria com o po- der público, com ONGs e movimentos sociais e a presença de religiosos em conselhos de direitos, de políticas e de gestão de políticas sociais específicas; (2) atuações de grupos religiosos em redes e articula- ções da sociedade civil; participação das religiões na economia não só com o comércio interno de produtos das religiões, mas com o crescimento das ofertas de entretenimento religioso (tu- rismo e lazer em torno da religião); (3) intensa presença nas mídias. Joanildo Burity lê este momento da relação religião- - política como uma redefinição do conceito e da abrangência da democracia: O incômodo e a incerteza causados por essa “rea- parição” da religião foi, aos poucos, sendo articu- lado à redefinição do conceito e abrangência da democracia, como forma política da inclusão so- cial e da justiça, por meio da cidadania e do reco- nhecimento. De um lado, parte das políticas multi- culturais dirigiu-se à incorporação da identidade religiosa ao rol das formas legítimas de afirmação da diferença cultural. De outro lado, um crescente número de ativistas religiosos foi acertando con- tas com o discurso democrático, e construindo seus espaços de visibilidade no interior das lutas democratizantes (BURITY, 2016, p. 27-28).

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