Redes, sociedade e pólis: recortes epistemológicos na midiatização

Wilson Gomes 18 aos vários autores e tradições, com três possibilidades. Um uso como conceito geral e descritivo, em que mediatização se refere em geral à extensão e à “força da presença” de tecnologias da comunicação na sociedade; um emprego de mediatização para falar da transformação comunicacional de um mundo em que pensamentos, sensibilidades e relações são modificados pela co - municação; uma abordagem em que se aceita a transformação comunicacional da realidade, mas se busca capturar essa mu- dança em práticas específicas, como a política ou a ciência. Ainda sobra à autora fôlego conceitual para arrumar a casa, isto é, as tensões entre o conceito de mediação e as fórmu- las conceituais que lhe parecem pertencer à mesma família de questões: indústria cultural, midiasfera (ou mediosfera), teoria dos meios e mediação. Por fim, a autora apresenta problemas e perspectivas para uma agenda futura para os estudos de me- diatização, insistindo que, se, por um lado, a expressão “ media- tização” é prescindível, o estudo do fenômeno, por outro lado, é fecundo e importante. Por fim, fecha o quadrante de fundação teórica o capí - tulo de Pedro Gilberto Gomes, que sustenta a mesma ambição da autora mineira pela cartografia da discussão científica sobre a mediatização. O ponto de partida que adota trata o conceito como polissêmico (ou “plurívoco”, como prefere), pois tanto os significados quanto a sua referência podem variar conforme a realidade e o interesse de quem o usa. Na taxonomia emprega - da por Pedro G. Gomes, tudo depende de quanto da mídia se vê nos fenômenos que mantêm significante interseção com ela, de forma que para alguns há mediatização quando simplesmente os meios são uma esfera cognitiva intermediária entre a polí- tica, a economia, o entretenimento, etc. e as pessoas, enquanto para outros há propriamente intermediação quando os meios modificam de maneira importante a própria natureza das ou - tras esferas sociais. Mediatização pode significar, portanto, uma interface, uma ambiência ou uma transformação estrutural das demais esferas da vida social, inclusive da própria sociabilidade, por efeito da comunicação. Isso estabelecido, sumariza a história intelectual da mediatização até concluir com um exame de uma questão capi - tal, a saber, se a intensa digitalização da vida social, que compor-

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