Redes, sociedade e pólis: recortes epistemológicos na midiatização

Midiatização, pólis e eventos de fronteira. Análise da noticiabilidade sobre o CUT BRA-PY-AR 183 nas fronteiras não haveria vida civilizada, espaço constituído de caos e abandono do Estado, portanto, uma pólis esvaziada. Como substrato arcaico da oposição entre vida civil e vida mili- tar, as fronteiras seriam mero depósito de disputas territoriais. Já as teorias da globalização, no entanto, reconhecem os espa- ços fronteiriços como especiais e antecipadores de condições posteriormente provadas nos espaços metropolitanos, adminis- trando sistematicamente a precariedade e a incerteza. A globa- lização, portanto, proporciona novos elementos na construção da noticiabilidade, cujo impacto busco apontar. Considero que tensionar a relação entre a midiatização da sociedade e o surgi- mento de um novo discurso jornalístico acerca da periferia bra- sileira atravessa uma problemática mais ampla que concerne à “produção social do sentido em tempos de sociedade midiati- zada que tem no consumo um de seus definidores primordiais” (HARTMANN; SILVEIRA, 2019, p. 49). Trata-se de um amplo desafio, dado que a população brasileira tem uma tradição de cultura oral e que seu consumo de jornais e revistas esteve his- toricamente restrito às elites culturais e econômicas. Assim, o conjunto de lapsos, ausências e outras formas do não represen- tacional circunscrevem os desafios do jornalismo em tempos de cultura da convergência. III - A noticiabilidade do CUT BR-PY-AR A amplitude do impacto da globalização no CUT BRA- PY-AR permite detectar o encaixe dos fenômenos estudados com o que José Luiz Braga (2014, p. 25) denominou de três tipos de eventos de fronteira: - entre campos sociais e os da mídia; - entre campos não diretamente tomados como midiá- ticos; e - entre campos e sociedade. Braga os denomina de eventos de fronteira dado que “O acionamento, aí, de processos interacionais com uso de tec- nologias midiáticas não se encontra regulado pelas práticas mais estabelecidas, gerando indefinições de todas as ordens”. É, portanto, dentro de uma perspectiva de grande dificuldade de