Redes, sociedade e pólis: recortes epistemológicos na midiatização

Ada C. Machado da Silveira 184 acercamento que estou propondo o estudo do CUT na perspecti- va comunicacional-midiática. Um CUT pode ser entendido como zona de pregnância, caracterizada por práticas digitais e desdobramentos inexplora - dos. Um CUT pode ser entendido ainda como sociedade articu- lada por processos comunicativos cuja institucionalidade é con- siderada não apenas por veículos profissionais de mídia, como também pela atividade de empresas de telecomunicações, pro- vedores, servidores dos mais inovadores processos da indústria informática. Existem ainda as redes que historicamente conec - taram populações de nacionalidades distintas cujo convívio não foi impedido por circunstanciais limitações nacionalistas e que, até o presente, não entram na disputa informativa das mídias profissionais, com exceções. As condições de midiatização dos CUTs com foco na noticiabilidade albergam a meta de estudar a comunidade de comunicação constituída nas fronteiras brasileiras a partir da noção de comunicação de proximidade que ali se instaura na cena enunciativa. Pretende-se dar continuidade a estudos ante- riores sobre a estrutura de mídia e noticiabilidade nas Tríplices Fronteiras entre o Brasil e as nações vizinhas. Havendo acumu- lado conhecimento sistematizado de aspectos atinentes à reali- dade comunicacional midiática, o texto busca avançar nos ele - mentos constitutivos da progressiva midiatização de seu espaço local. A midiatização nos CUTs existentes no Brasil conhece condições muito diversas. No noticiário da mídia de referência brasileira, o CUT BRA-PY-AR é usualmente denominado como Tríplice Fronteira. Embora o Brasil detenha outros oito encon- tros tríplices com seus vizinhos sul-americanos, o encontro com Paraguai e a Argentina é paradigmático para o noticiário brasileiro e internacional. Estudar a noticiabilidade construída midiaticamente em torno dos CUTs, promovendo o conhecimento sobre agendas locais de interesse nacional nos aspectos concernentes à segu- rança pública, tem se tornado premente frente ao sombreamen- to com temas de segurança nacional (SILVEIRA, 2012; 2016). Parafraseando o exemplo citado por Stig Hjarvard (2012) per - tinente à Guerra do Golfo como um antecedente reconhecido,

RkJQdWJsaXNoZXIy MjEzNzYz