Redes, sociedade e pólis: recortes epistemológicos na midiatização

Midiatização, pólis e eventos de fronteira. Análise da noticiabilidade sobre o CUT BRA-PY-AR 193 No caso brasileiro, sua noticiabilidade aguarda uma aproximação que reconheça a precedência de que cerca de 27% do território nacional ali se situa e que, além do caráter extraor - dinário de sua expressividade continental, ela ocorre em situa - ção de confluência e de conurbanidade. A forte presença de ci - dades conectoras e aglomerações transfronteiriças com outros dez Estados nacionais sul-americanos (BRASIL, 2005) configura relações que colaboram para a complexidade do chamado regi - me fronteiriço. O sistema de mídia ali presente constitui-se em nó próprio e irredutível a lógicas político-militares e requer uma dimensão própria de análise. 6 Assim, na questão da cobertura sobre o CUT BRA-PY- AR, entendo que é possível observar, esquematicamente, quatro momentos. Inicialmente, pode-se conceber uma cobertura loca- lizada, atuando com parâmetros próprios da mídia de proximi - dade que, progressivamente, ganha conotações que enquadram os acontecimentos com a dramaticidade do impacto globalizado. Da recontextualização operada por uma lógica de mídias locais, o processo de midiatização encaminha-se para a descontextua - lizacão (Figura 2). Um Momento 1 em que a mídia local, ou de proximida - de (Data 1), ocupa-se do cotidiano com base em valores da esfe- ra cultural e pública local e que, via de regra, subordina-se hie- rarquicamente aos valores da mídia de referência alinhada com a esfera política e cultural nacional (SILVEIRA, 2012). Trata-se de um Momento em que a operação de exterioridade discursiva atua de maneira suave. 6 Entendo que o tema evoluiu desde que Steiman e Machado (2002) identificaram a carência de estudos sobre fronteiras. No entanto, a abordagem midiática pre- sente nos estudos referidos (BRASIL, 2005) parece enrijecer uma leitura confli - tiva das relações provenientes da intensificação dos fluxos globalizados. Figura 2 – Os momentos da cobertura e o incremento da midiatização. Fonte: A autora.

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