Redes, sociedade e pólis: recortes epistemológicos na midiatização

Ada C. Machado da Silveira 194 Um Momento 2 em que a cobertura nacional realiza- da com foco nas mazelas da nação provém de acontecimentos ocorridos nas fronteiras terrestres (que em sua maior parte são fluviais ou litorâneas) em seus 16 mil quilômetros (Data 2). São registros já analisados numa grande diversidade de meios e seus decorrentes suportes pelo grupo de pesquisa Comunicação, Identidades e Fronteiras. Ele constatou que os programas jorna- lísticos que se disponham a desenvolver a noticiabilidade com base nos valores locais ainda exercitam noções de interações transfronteiriças bastante tradicionais. Seria necessário apro- fundar no reconhecimento de referências provenientes do hibri- dismo cultural. Ou, nos termos de Dilla (2015, p. 35), avançar na otimização de custos e benefícios de toda relação transfronteiri - ça, até agora oscilante entre a hostilidade latente e a fraternida- de retórica (SILVEIRA et al. , 2017a). Um Momento 3, em que emerge a consciência por par- te das organizações de mídia de uma atitude subimperialista brasileira e, por consequência, o posicionamento noticioso das Organizações Globo, veiculado no Portal G1 e programa de TV aberta Fantástico, em 18 de junho de 2016, quando conside- ram que as fronteiras terrestres são problemáticas, mas que o Brasil começa a exportar organizações criminosas (Data 3). Tratava-se da cobertura do conflito ocorrido no espaço frontei - riço entre traficantes brasileiros e paraguaios, envolvendo o PCC (Primeiro Comando da Capital). 7 Uma ocorrência que viria a confirmar a exportação da criminalidade em padrão brasileiro para o Paraguai. O procedimento de exterioridade discursiva é incorporado em favor da sociedade transfronteiriça, dado que os problemas procedem das metrópoles. Um Momento 4, com o acontecimento da madrugada de 24 de abril de 2017 quando ocorreu um roubo milionário na sede da transportadora Prosegur de Ciudad del Este (Data 4). Dezenas de assaltantes armados com explosivos, rifles e armas automáticas de grande calibre usaram granadas e bombas de ga- solina para incendiar carros e distrair a polícia e invadir o cofre da empresa privada. A cobertura norte-americana classificou o 7 A reportagem foi veiculada pelo programa Fantástico e consta de https://www. youtube.com/watch?v=2aW1Rb2Hl7w . Acesso em: 20 jul. 2016.

RkJQdWJsaXNoZXIy MjEzNzYz