Redes, sociedade e pólis: recortes epistemológicos na midiatização

Midiatização, pólis e eventos de fronteira. Análise da noticiabilidade sobre o CUT BRA-PY-AR 195 acontecimento como uma operação de guerra. 8 O Momento 4 utiliza-se da força do procedimento da exterioridade discursiva para integrar a ampla escala industrial da mídia de referência, consagrando o acontecimento em todo seu potencial midiáti- co, incorporando a conhecida denominação de “ Robbery of the e tury ”. A escalada de incrementomidiático observável pelo pa- drão de acontecimentos construídos como acontecimentos qua- lificados (Data 1, 2, 3 e 4) permite consagrar esquematicamente a progressão da lógica da mídia institucionalizada. Tal escalada permite apontar para uma pólis militarizada no CUT BRA-PY- AR? Frente ao intercâmbio desigual, a cobertura noticiosa sobre o CUT referido sobressai quando a cobertura midiática ignora roubos muito maiores, conflitos com milícias nas metrópoles brasileiras e, sobretudo, silenciamento quase absoluto sobre o quotidiano nos portos do Atlântico Sul, cenário que inaugura a crônica de colonização europeia na América. A progressiva incorporação de parâmetros heteronô- micos na cobertura observada permite avaliar seu impacto para a noticiabilidade e a tradição institucional dos estudos de mi- diatização que teria “[...] até recentemente, estado interessada principalmente na mídia tradicional de massa, cuja influência é descrita como uma lógica de mídia” (HEPP, 2014, p. 46). A progressão da escalada aponta ainda para os eventos de fronteira assinalados por Braga (2014), dado que a ordem da noticiabilidade refere-se às articulações entre campos sociais e os da mídia. Percebe-se um cenário jornalístico francamente desregulado e, ao mesmo tempo, refém de práticas estabeleci- das por contextos profissionais forâneos, gerando a colonização de práticas subalternas, a par de indefinições de todas as ordens para a população local. 8 A cobertura sobre o acontecimento contou com amplo alcance nas agências de notícias e em veículos do Brasil, Argentina, Paraguai e Chile. O roubo inicialmen- te foi estimado em 40 milhões de dólares para, finalmente, ficar estabelecido em 12 milhões. Informações recentes dão conta de que teria sido uma remuneração a um grupo do crime organizado (atribuído ao PCC com sede em São Paulo), por conta de dívidas. Faz-se necessário recordar os rumores sobre vínculos atribuí- dos ao presidente do Paraguai, Horacio Carpes, com o crime organizado .

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