Redes, sociedade e pólis: recortes epistemológicos na midiatização

Wilson Gomes 20 de testar a hipótese de fundo, do “intervencionismo mediático”, pela análise dos perfis dos comentadores com espaço fixo nos produtos jornalísticos da TV, em perspectiva longitudinal. Já Antonio Fausto Neto nos traz um ensaio sobre o tema da circulação do discurso jornalístico, situando-o diacroni- camente ao longo de diferentes fases. Na sua reconstrução teó- rica do jornalismo, Fausto Neto nos fala da prática jornalística que, de algum modo, renuncia às pretensões de mediar discur- sivamente, com toda a complexidade que isto comporta, entre fatos e públicos, para assumir um tipo de interação novo em que a tessitura discursiva e o engendramento dos sentidos não se cristalizam mais apenas em um lugar (a redação, a página do jornal, o VT) e um momento, mas envolvem diferentes agentes e agências, síncronos e assíncronos, sem cronologia linear rígida, e com diferentes níveis de efeito. Ana Paula da Rosa se ocupa do processo de circulação das imagens e da lógica que sustenta a sua significação, por meio da uma de tipologia triádica por ela proposta: imagens-síntese, imagens-resíduo e imagens-circuito. São preocupação central de Rosa as imagens que inundam ambientes digitais, em seus diver- sos formatos e nas suas mais diversas plataformas. Preocupação que ocupa também Mario Carlón, cuja contribuição examina um caso específico de uso político de imagens em publicações em plataformas de mídias sociais para a disputa política, na Argentina, incluídas aqui a falsificação, a apropriação, a mani - pulação e as reações a tudo isto. Carlón usa o caso para extrair consequências e desafios conceituais para uma abordagem das imagens em circulação em ambientes digitais numa perspectiva dos estudos de mediatização. Ilya Kiriya, como disse, traz um instigante capítulo so- bre a industrialização da cultura, em uma abordagem de econo- mia política da comunicação. Examina as indústrias criativas e a industrialização da educação. Enquanto Magali Cunha faz uma cartografia, a mais completa que eu conheça, sobre a mediatiza- ção do ativismo político evangélico, que de forma alguma deve ser confundido com a mediatização da religião. Mostra como li- deranças e militantes religiosos trabalharam nos últimos tem- pos para conseguir ocupar a esfera pública digital, dominando seus recursos e lógicas, para disputar as interpretações e pro-

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