Redes, sociedade e pólis: recortes epistemológicos na midiatização

Ana Paula da Rosa 206 ção de vídeos, fotos e todo tipo de imagem que é produzida para circular, muitas vezes sendo consumida por instituições midiá- ticas, naquilo que chamamos de fagia midiática e fagia social (ROSA, 2016a). Diante desse cenário, há o excesso. Excesso de falas desconexas, excesso de opiniões, excesso de imagens que nos levam a um efeito de embaralhamento. Latour (2008) trata da cascata de imagens para se referir às imagens que se sobrepõem no cotidiano. Do mesmo modo, Baitelo Junior refere-se a uma “ serial imagery ”. A nova sociedade não mais vive de pessoas, fei- tas de corpos e vínculos, ela se sustenta sobre os pilares de uma infinita “serial imagery”, uma se - quência infindável de imagens, sempre idênticas. O admirável e desejável já não é mais a diferença, mas a absoluta semelhança. Não mais a capacida- de criativa e adaptativa é o que se sobressai, mas sim a necessidade de pertencimento. Ser aceito, ser adepto, ser adaptado (BAITELO JUNIOR, 2005, p. 51). Isto é, nesta ambiência, aqui chamada de midiatização, produzir e se transformar em imagem é uma condição, pois não há espaço para “não imagens”. Em certa medida, isso significa di - zer que há uma redução, em função do excesso, do espaço para o corpo, já que este ingressa pelo acesso, mas é tragado pelo fluxo e se rarefaz na circulação. II - A circulação e a ênfase no valor A circulação, aqui mencionada, não se traduz por aqui- lo que se espalha ou propaga. Mesmo não sendo uma expressão nova, ela apresenta uma ampliação de sua importância no fenô- meno comunicacional, em especial mediante o advento das re- des e da web . Isto porque as lógicas ou gramáticas de produção e de reconhecimento (VERÓN, 2004) se atravessam, possuem ordens ascendentes e descendentes, o que não víamos de modo

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