Redes, sociedade e pólis: recortes epistemológicos na midiatização

Quando os olhos não piscam nem param: da imagem-operação à ascensão ao fluxo 215 Estes elementos nos permitem perceber que o primei- ro objeto empírico de nosso campo de observação tem muitas nuances, está nas bordas das lógicas, entre as de mídia e as mi- diatizadas. As imagens geradas não são, porém, só registros, mas imagens que fazem algo, imagens-circuito, já que são uma espé- cie de estopim para novas circulações e tensões em meios e dis- positivos múltiplos. A imagem-operação circuito põe em evidên- cia a potência da web como acesso, mas também a necessidade de uma elaboração tática do uso do meio enquanto dispositivo interacional. Não é o Twitter por si só, mas o Twitter como es - paço de contato e afetamento tanto das instituições jornalísticas quanto dos atores sociais. O outro componente de nossa análise, vinculado ao fato do ataque a Ghouta Oriental em 2018, é um adolescente de 15 anos. Muhammad Najem faz uso das redes sociais para partilhar vídeos e selfies , em especial no Twitter 8 . O que aparentemente soa como uma ação corriqueira muda de figura quando percebe - mos que o adolescente relata os bombardeios que atingem a ci- dade onde mora, bem como a iminência da morte que se mistura em seu cotidiano. Assim como outros meninos, de outros regi- mes fechados, Najem (figura 05) se vale de um saber midiático constituído por meio da indústria cultural (o entretenimento e o jornalismo), portanto de uma lógica de mídia, para produzir o que Castells (2016) chama de autobroadcast 9 . 8 https://twitter.com/muhammadnajem20/status/9616664778 53151232/ photo/1?ref_src=twsrc%5Etfw&ref_url=http%3A%2F%2Fwww .tvi24.iol.pt %2Finternacional%2Fmuhammad-najem%2Fmuhammad-o-jo vem-de-15- anos-que-nos-mostra-a-guerra-na-siria-nas-redes-sociais 9 A autocomunicação de massa é, para Castells, aquela comunicação que segue os padrões e regras da mídia de massa, mas é produzida por um ator individual em seus espaços tendo como foco a ampla visibilidade.