Redes, sociedade e pólis: recortes epistemológicos na midiatização

Quando os olhos não piscam nem param: da imagem-operação à ascensão ao fluxo 219 mas que encontram, segundo Braga (2012), um ambiente para circular, as imagens produzidas tanto pela Defesa Civil como pelo jovem de 15 anos coincidem na tematização da infância em extinção e, portanto, consolidam a imagem da criança atacada como imagem-síntese do conflito, logo uma imagem-operação. A imagem-síntese 10 , entendida como imagem-opera- ção, não é simplesmente a imagem que representa, que confi - gura, que dá contorno ao acontecimento midiático, mas é aquela imagem que supera as imagens-resíduo. Tais imagens são aque- las concorrentes, que tentammostrar alternativas, trazer outros ângulos. Porém, a imagem-síntese consolidada não permite que as residuais se sobreponham. Elas existem, elas circulam por dutos invisíveis, porque não conquistam espaço no âmbito mi- diático nem são valoradas por atores sociais, diferentemente da imagem-circuito, que nos circunda e é produzida especificamen - te para desembocar em cascata. Neste aspecto, trazemos à tona a imagem-síntese da crise síria. O corpo de Aylan Kurdi, encontrado na praia de Bodrum, não precisa aparecer, sequer ser mencionado. Não se trata daquela criança, mas da capacidade imagética de sombrea- mento. A fotografia da criança afogada na praia como fantasma - goria reaparece nas produções dos Capacetes Brancos, do jovem de 15 anos, e as imagens-operações circuito e resíduo não ultra- passam a consolidação da imagem-síntese, porque não a negam, mas a carregam. IV – O operador “resgate” que resgata imagens-síntese Ao olhar para as materialidades que compõem nosso caso de investigação, verificamos o uso mais do que frequente da palavra “resgate” como um operador de sentidos. Seja na manchete jornalística de repercussão do vídeo dos Capacetes Brancos: “O momento em que crianças são resgatadas de es- 10 O termo imagem-síntese já aparece nos estudos da autores desde 2012 e vem sendo constantemente atualizado. Texto mais recente sobre a abordagem pode ser visto em http://www.compos.org.br/data/arquivos_2018/trabalhos_arqui - vo_XDFB3DO7I9DNXSGSYMFL_27_6543_22_02_2018_07_01_08.pdf .

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