Redes, sociedade e pólis: recortes epistemológicos na midiatização

Alcance e variações do conceito de midiatização 25 de cunho exploratório, organiza-se em três momentos. A pri - meira parte busca apreender discussões em torno do conceito no Brasil. Em seguida, buscamos desenhar uma sistematização das diferentes abordagens para, na parte final, estabelecer uma aproximação e distinção do conceito de midiatização com rela- ção a conceitos próximos. I – O percurso do conceito Como dissemos acima, é preciso inicialmente distin- guir o fenômeno e o(s) conceito(s). O fenômeno diz respeito às mudanças no cenário técnico-comunicativo que vêm se deli- neando desde as últimas décadas do séc. XX e notadamente nos primeiros anos do séc. XXI. Já o conceito diz respeito às diferen- tes abordagens e formas de compreensão dessas mudanças – e é naturalmente plural (pois os tratamentos são múltiplos e nem sempre convergentes) No Brasil, a temática das novas tecnologias, cultura digital ou “cibercultura” vem chamando a atenção dos pesqui- sadores desde o final do século XX 2 . As primeiras formulações e teorizações a respeito do novo cenário são devedoras, entre outros, de Lúcia Santaella e Muniz Sodré. Lúcia Santaella publicou em 1992 o livro Cultura das mí- dias , obra pioneira no Brasil no tratamento dessa nova realidade de expansão e interpenetração das diferentes mídias e sua inci - dência na cultura. Em 2003, em Culturas e artes do pós - humano. Da cultura das mídias à cibercultura , a autora apresenta uma divi- são de eras culturais em seis tipos de formações: a cultura oral, a cultura escrita, a cultura impressa, a cultura de massas, a cultura das mídias e a cultura digital (SANTAELLA, 2003a). Se o concei- to de cultura de massas enfatizava a homogeneização e pasteu- rização de conteúdos culturais, Santaella pontua o quanto a di- 2 Um Grupo de Trabalho (GT) que trata dessa temática das novas mídias foi criado na Compós (Associação Nacional de Programas de Pós-Graduação em Comunicação) em 1995 (e o GT começa a funcionar no ano seguinte), com a denominação “Comunicação e Sociedade Tecnológica”. Em 2002, o GT passou a se chamar “Tecnologias Informacionais de Comunicação e Sociedade”. Na re- clivagem de 2006 o GT é aprovado com o título “Comunicação e Cibercultura”, nome que mantém até nossos dias.

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