Redes, sociedade e pólis: recortes epistemológicos na midiatização

Redes sociais digitais e sistemas de relações 257 ainda que modalizados pelos diferentes campos sociais de sua ocorrência e pelos diversos âmbitos teóricos acionados na in- vestigação. Essas modalizações (econômicas, tecnológicas, polí- ticas, culturais, ...) não devem ser esquecidas nem consideradas secundárias em nossa perspectiva comunicacional. Mas o que quero observar é como , nessas estruturações diversas, a comu- nicação se realiza . Melhor ainda, refletir sobre a questão comu - nicacional que pode ser relacionada a essa situação específica de diversidade e dispersão. Isso corresponde a dizer que uma de nossas preocupações teóricas é a de compreender as próprias lógicas gerais que estão na base da diversificação. E, aqui, acre - ditamos que uma perspectiva propriamente comunicacional pode oferecer boas pistas. Não se trata de propor uma explicação comunicacio - nal que se contraponha às demais, ou que tenha a pretensão de ultrapassá-las. Trata-se antes de perceber, em articulação com aquelas dinâmicas sociais, alguns processos diretamente comu- nicacionais em ação. E, com base nisso, poder propor algumas perguntas gerais que favoreçam uma entrada analítica. Para isso, precisamos chamar a atenção para algumas características preliminares dos processos que levam a arranjos interacionais e que podem sugerir algumas dimensões de varia- ção (ou “linhas de variação”, diria Deleuze [1989, p. 193]). 4. Sistemas de relações Redes sociais sempre existiram, assegurando seus pro - cessos interacionais conforme as disponibilidades do momento histórico. A sociedade é uma imbricação de redes interacionais, em diferentes níveis e com diferentes poderes e alcances. Redes não são definidas pelo simples fato de diferen - tes pessoas e grupos terem a possibilidade de se exprimir, ou de produzir emissões dirigidas a todos os demais participantes. São caracterizadas, antes, pelo sistema de relações que se de- senvolve entre esses participantes, e no acionamento de todos os componentes materiais ou simbólicos que sejam aí relevan- tes para os processos em ação. Podemos aqui usar o conceito de Michel Foucault para o que denomina “dispositivos”:

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