Redes, sociedade e pólis: recortes epistemológicos na midiatização

Redes sociais digitais e sistemas de relações 259 se trata apenas de uma diversidade de ocorrências, mas também da diversidade experimental, de ensaio-e-erro. *** É comum pensar um sistema como uma estrutura pronta e regrada, que determina as ocorrências no espaço em que o sistema alcança. O sistema, ele mesmo, é visto como códi- go. Essa percepção deve ser tornada mais complexa. Considero como “código” a todo processo, elemen- to material (natural ou produzido), gesto, símbolo, simples ou complexo, que esteja objetivamente disponível e de algummodo compartilhado (ainda que parcialmente) entre participantes de uma interação. Tais elementos compartilhados servem de me- diação para ação comum entre os participantes, qualquer que seja essa ação pretendida. Dão base, assim, pela interação, para o processo comunicacional – que diz respeito mais à ação con- junta que à simples passagem de mensagens de uns a outros (embora esta possa fazer parte daquela ação). Vejo os sistemas de relações – de interação – como es- truturas, socialmente elaboradas, com as seguintes característi- cas mínimas (diversamente realizadas): • Não simplesmente um código – correspondente ao próprio sistema; mas uma diversidade de códigos, confluentes, mas também concorrentes entre si. • Paralelamente, os códigos, necessários, são sempre insuficientes; devem ser complementados por pro - cessos de realização estratégica requeridos para o ajuste dos códigos entre si, e destes com as ocor- rências singulares da realidade. Esse âmbito estra- tégico implica um constante trabalho tentativo, de arranjos interacionais, para viabilizar tais ajustes. • Com isso, os participantes de todos os processos sociais, embora no acionamento das regras cultu- rais, políticas, institucionais, profissionais, inevita - velmente improvisam seu dia a dia. Uma competên- cia inferencial permite, correlatamente, que nossos padrões incorporados se ajustem à circunstância específica.

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