Redes, sociedade e pólis: recortes epistemológicos na midiatização

Vera V. França 26 versificação das mídias alterou e ampliou as relações entre dis - tintas produções culturais, a interação entre diferentes códigos, a hibridação de linguagens. Por volta dos anos 1980, 1990, novos dispositivos vieram se somar ao ambiente dos meios de massa – videocassetes, fotocopiadoras e depois a tevê a cabo –, propi- ciando a segmentação e diversificação do consumo, bem como as escolhas individualizadas, fazendo a transição para a chegada dos meios digitais. Esse período é o que a autora nomeia de cultura das mídias, estágio preliminar para a cultura digital, fase contem- porânea, marcada sobretudo pela convergência das mídias, pela exacerbação que a produção e circulação de informações atingi- ram em nossos dias – “uma verdadeira confraternização geral de todas as formas de comunicação e de cultura, emum caldeamento denso e híbrido” (SANTAELLA, 2003b, p. 28). Mais do que as seis eras apontadas por Santaella, inte- ressa destacar a abordagem que a autora busca imprimir: não se trata de uma abordagem midiacêntrica, mas de uma ênfase aos efeitos de linguagem e de sentido que se fazem sentir: [...] não devemos cair no equívoco de julgar que as transformações culturais são devidas apenas ao advento de novas tecnologias e novos meios de comunicação e cultura. São, isto sim, os tipos de signos que circulam nesses meios, os tipos de mensagens e processos de comunicação que neles se engendram os verdadeiros responsáveis não só por moldar o pensamento e a sensibilidade dos seres humanos , mas também por propiciar o surgi- mento de novos ambientes socioculturais ( ibid ., p. 22; grifos nossos). Santaella não utiliza o termo “midiatização”, mas é bem esse contexto de mudanças tecnocomunicativas e culturais que a autora enfatiza ao nomear essa sexta era – a era da cultura digital. Mas é Muniz Sodré, sem dúvida, que trouxe tanto a ex - pressão (midiatização) 3 como seus fundamentos teóricos mais 3 Em entrevista (2010), Sodré lembra que foi o introdutor do conceito no Brasil, a partir de Eliseo Verón (mediatización). Veja-se http://www.cise co.org.br/index.php/noticias/entrevistas/48-muniz-sodre-midiatizacao -como-o-acabamento-de-outro-chao.

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