Redes, sociedade e pólis: recortes epistemológicos na midiatização

José Luiz Braga 262 6. Os desafios É preciso, então, observar as urgências sociais que apa- recem na forma de redirecionamento de problemas habituais de sociedade para os quais se constituem (ou experimentam) siste- mas de relações digitais em rede. Algumas dessas urgências decorrem diretamente dos objetivos e desafios anteriores, quando postos diante da pos - sibilidade (ou da necessidade, para interação com o ambiente) de seu enfrentamento pelo acionamento dos novos recursos. O próprio problema anterior muda de perfil: pelos novos objetivos de alcance, de circulação, de perfil de participantes, pelos modos como estes “entram em rede” ou podem ser instados a entrar. Não raro, temos diretamente novos problemas, decorrentes já dessa quase imposição de circulação ampliada, de necessidade de acesso, de possibilidade de invenção de outras interações, de alcances e de ações tornadas viáveis, antes não pensadas. O que ocorre, então, é um deslizamento do já previs- to – como fonte de oportunidades, mas também como ausência de caminhos definidos. As tecnologias comparecem, é claro, com suas ofertas. Essas ofertas, diversamente experimentadas para o exercício ou constituição de sistemas de relações, produzem desafios, estimulantes, adversos ou paradoxais: • Amplia-se o acesso para ações de iniciativa in- dividual, em variedade e proporções antes não imaginadas. • Surgem conexões diversificadas entre os espaços da vida privada e o espaço público, dada a amplia- ção de circuitos possíveis em rede. • Estes âmbitos, tradicionalmente distinguidos, veem modificados, em consequência, seu desenho, sua abrangência, suas articulações (internas e en- tre os dois espaços). • Os fatores de confusão derivados de interceptações entre a esfera pública e mundos privados, de ações individuais e institucionais, de setores especializa- dos e amadores, de porosidade de fronteiras entre

RkJQdWJsaXNoZXIy MjEzNzYz