Redes, sociedade e pólis: recortes epistemológicos na midiatização

Jairo Ferreira 272 lizados, e não problematiza o contexto em que os meios midiá - ticos estão também imersos em um processo que se sobrepõe a eles, não só pelos usos sociais, a jusante. Entre os movimentos descendentes e ascendentes, acentuamos a transformação da matriz de interação mediática, o que será especificado nas interfaces aqui acionadas. Nessas, o conceito de circulação (feixe de relações entre produção e recep - ção) é central, incluindo os processos de circulação ascendente e descendente, mas também o que ocorre no âmbito dos circuitos configurados pelas interações mediatizadas. 1.1 A interação mediatizada e a interposição dos meios Num dos capítulos de obra publicada no Brasil, Verón (2005) aborda a questão do duplo vínculo. É um artigo escrito com Carlos Sluzki, no qual os autores abordam a tensão entre dependência e independência, distinção entre self e não self , di- ferenciando os sintomas (patogenias) em histéricos, fóbicos e obsessivos. Sabe-se que a relação de Verón com a Escola de Palo Alto prossegue, inclusive quando aborda a circulação como rela- ções entre sistemas. É necessário situar essa interface, que consideramos produtiva, com a Escola de Palo Alto. Mobilizamos, para isso, Watzlawick et alii (1972). Primeiramente, ponderamos que as relações circulares entre emissor e receptor problematizadas por Watzlawick et alii (1972) como referência de comunicação mediatizada devem ser questionadas, em nossa perspectiva, pe- las interposições dos meios materiais. Há algo aqui a ser decifra- do. Os autores dizem assim: Nós queremos, pois, acentuar menos as relações do emissor (e do receptor) e do signo, e mais a re- lação que une emissor e receptor, quando essa está mediatizada pela comunicação (WATZLAWICK et alii , 1972, p. 17). Sabemos que essa união (“que une”), na perspectiva dos autores, não é reificada. A investigação que realizam da pa - togênese através da observação das interações (em linguagens que chamam de analógicas e digitais) não nos permite dizer que,

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