Redes, sociedade e pólis: recortes epistemológicos na midiatização

Midiatização, comunicação e algoritmos: uma proposta teórico-metodológica... 273 em suas perspectivas, uma comunicação seria um uno idílico. Mas há, aí, um problema que nos convoca ao contraditório. Ao considerar que o signo, seja ele dito analógico ou digital, permite o acesso à patogênese, há o risco de reduzir o signo a um lugar transparente e passivo na interação. Uma interação, portanto, vista sem considerar a semiose que é visitada pelas teorias do signo. Portanto, propomos que a interposição do signo transfor- ma as interações, assim como o coronavírus, um signo material da natureza, entra em sinergia com a natureza e a cultura e se transforma (mutações do signo natura nominado como corona). 1.2 Meios, signos e tecnologia Quando falamos em meios midiáticos, estamos nos referindo aos signos sociais. Podemos considerar que o cosmo, a natureza e as outras espécies vivas (como o signo corona) e animais são construtoras de signos (por processos adaptativos). Porém, interessam-nos especificamente os signos construídos pela espécie que chamamos de humana. Não é nosso objeto, neste artigo, diferenciar essas várias semioses (do cosmo, da na- tureza e das outras espécies), e sim especificar o meio em sua interposição entre emissor e receptor. Em nossa perspectiva, o que a cultura chama de tecno- logias são, antes de tudo, signos. Esse é umconceito que já desen- volvemos há mais de uma década (FERREIRA, 2006). Somente a tecno-ideologia reduz os meios a tecnologia. Em próxima seção, quando formularmos a interface sobre os algoritmos, essa pro- posição ficará mais clara. Feita essa ponderação, podemos manifestar nossa convergência com a hipótese de Verón (2014) de que um dos processos centrais da midiatização é a materialização da expe - riência mental. Caracteriza, portanto, a gênese antropológica da espécie, pela singularidade desse processo adaptativo. Não se trata, sequer, de dizer que essa adaptação seja superior ou infe- rior à semiose da natureza e de outras espécies vivas e animais. Trata-se apenas de uma adaptação singular. Essa formulação nos permite pensar uma linha de cor- te ontológica que é também epistemológica: o deslocamento da semiose da natureza para a semiose social. Esse deslocamento

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