Redes, sociedade e pólis: recortes epistemológicos na midiatização

Jairo Ferreira 276 Nesse contexto, o nosso objeto empírico são os meios digitais em redes, especialmente quando esses são agenciados por algoritmos, o que pode abranger meios digitais de conteúdo, de programação (rádio e televisão), de indexação (da bibliote - ca às ferramentas de busca em rede) e de interação (Facebook, Instagram, WhatsApp, etc.). 1.3 Meios e dispositivos Nessa seção, retomo a questão dos meios considerando a seguinte pergunta: Qual a relação entre meios e dispositivo? Quando o meio e o dispositivo são midiáticos? Todos os meios materiais remetem à midiatização? Nossa perspectiva em elabo- ração sugere que não: 1. Somente os meios agenciadores de interações no espaço de visibilidade pública remetem à midia- tização. Essa inserção não é fixa, considerando-se cada meio. Nesse sentido, o WhatsApp interessa como objeto da midiatização quando as interações são públicas, o que não é fixo, pois interações ali ocorridas podem “vazar”. 2. É necessário ponderar a ubiquidade: os meios são midiáticos quando diferidos, no tempo e no espaço. Também aqui não há um desenho fixo, mas parece claro que a mobilidade dos signos materiais, técni- cos e tecnológicos, no tempo e espaço, é acelerada pelos algoritmos (de forma exponencial). 3. Inversamente, os meios semio-técnico-sociais de ocupação de territórios são de outra ordem dos midiáticos (embora sejam meios de comunicação: uma casa, um carro, um vestuário, etc.), o que não é objeto dessa investigação. A formulação de que meios materiais são semio-téc- nico-sociais significa que não se trata apenas de técnicas e tec - nologias materiais. Mesmo considerando os meios nessa pers- pectiva triádica, concordamos com a proposição de que não há

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