Redes, sociedade e pólis: recortes epistemológicos na midiatização

Jairo Ferreira 278 que, em usos e práticas, exista. Quando isso ocorre, é nominado, ganhando assim uma demarcação antropológica. 1.4 A lógica algorítmica agenciando conteúdos, programa- ção, indexação e interações agenciadas O algoritmo é, antes de tudo, um signo – que articula re- gras e operações inferenciais agenciadoras de conteúdo, progra- mações, interações e indexações (FERREIRA, 2020). Os algorit- mos, no contemporâneo, passam a constituir os meios dos meios – agenciando os meios de conteúdo, programação, indexação e interação (FERREIRA, 2019). As dimensões técnicas (linguagens especificamente computacionais, por exemplo) e tecnológicas são subordinadas a essas regras e operações inferenciais – que são apropriações dos algoritmos da cultura e da natureza. Assim como outros signos linguísticos apropriados pelo campo da comunicação, o algoritmo nos chega como metá- fora para uma infinidade de sentidos convocados por um campo semântico. Nesse amplo universo de sentidos, tem validade para a execução de uma receita culinária ou para diagnósticos sobre o clima, passando por gestão da cidade, política, etc. Mas essa proposição tem uma dificuldade, que é considerar algoritmo somente aquilo que está materializa- do. Sugerimos outro ponto de partida: o algoritmo é, antes de tudo, uma experiência mental. Sem essa, a vida seria impossível. Refere-se ao sistema de possibilidades e de decisões alternati- vas, sequencializadas na execução de operações a serem realiza- das. Sempre que há o algoritmo, a vida parece ficar mais fácil. Se vamos viajar, temos um conjunto de operações a serem sequen- cializadas (preparar roupas e apetrechos na mala; documentos necessários; passagens ou revisão do carro; traslados; hospe- dagem; segurança da moradia durante nossa ausência; etc.). A ausência de um algoritmo que organize esse conjunto de opera- ções, incluindo as específicas, em seus detalhes, pode produzir situações cômicas, dramáticas ou trágicas. *** Mas se o algoritmo tem essa positividade na constru- ção da cultura, por que estamos perplexos com a sua existência? A hipótese que desenvolvemos é de que a perplexidade, na área

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