Redes, sociedade e pólis: recortes epistemológicos na midiatização

Midiatização, comunicação e algoritmos: uma proposta teórico-metodológica... 285 a patologia analisada pela psicologia social de Palo Alto (a his- teria, a fobia e a obsessão – Verón, 2005), mas o duplo vínculo interacional que pode ser indiciado nas interações. As interações podem ser analisadas, portanto, como potencialmente reveladoras do paradoxo em diversos níveis: a impossibilidade de não se comunicar com o uso dos meios di- gitais em rede e o desafio da manifestação do sintoma no es - paço público; exercício do poder e demanda de autonomia do outro; o que une também hierarquiza e gera relações de poder (BOURDIEU, 1989); vozes autorizadas e desautorizadas; etc. Essa diversidade de objetos singulares não é predefinida, mas é uma descoberta conforme casos de pesquisa em construção. O complexo dessa análise das interações em grupos e coletivos interpostas por meios diversos, com atores localiza- dos em diversas posições institucionais, é que não se trata de estímulos, respostas e reforços de A e B, mutuamente condi- cionantes. Primeiramente, porque consideramos que a teoria comportamentalista, em suas diversas versões, baseadas na tríade estímulo-resposta-reforço, é insuficiente para dar conta do comportamento da espécie. A boa contribuição da Escola de Palo Alto (analisar essa tríade nas interações, como forma de capturar os impulsos do inconsciente – conforme problematiza- ção do inconsciente, em forma de histerias, obsessões, fobias e situações esquizofrênicas) também não é suficiente. Em nossa perspectiva, é necessário agregar o proces- so de construção do social para além daquilo que herdamos (o inconsciente, o imaginário e a ordem simbólica) e daquilo que fazemos no presente (interações aqui e agora, com estímulos, respostas e reforços). Para isso, é necessário pensar as intera- ções como um trabalho de possibilidades de cooperação social – no sentido da psicologia do ego, construtivista (que, em nossa abordagem, é referenciada em Piaget). Em outras palavras, con- sideramos que as epistemes individuais podem ser atualizadas nas interações, pelo trabalho cognitivo dos indivíduos, que as- sim pode mudar seus comportamentos, enquanto atores. 2.1 Construção de corpora O exercício metodológico se refere a identificar, num recorte de meios em constelação, no qual se observam intera-

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