Redes, sociedade e pólis: recortes epistemológicos na midiatização

Alcance e variações do conceito de midiatização 31 Göran Bolin (2016) sugere um agrupamento dos estu- dos desenvolvidos por eles em duas tradições: - uma tradição institucionalista ou institucional – mar- cada pela estudo da lógica da mídia, ou pela discussão sobre a institucionalização da mídia e seu relacionamento com diferen- tes instituições. Hjarvard destaca os dois lados de intervenção da mídia (sua dualidade ): a institucionalização da própria mí- dia (sua semi-independência com relação a outras instâncias); sua interferência (e transformações) em outras esferas e insti- tuições. O autor situa a análise da midiatização no nível meso da cultura e da sociedade (acima das microinterações e abaixo dos níveis estruturais), buscando “especificar os elementos que compõem a ‘lógica da mídia’ em um dado domínio e analisar melhor a interação entre a mídia e outras esferas sociais (ins- tituições)” (HJARVARD, 2014, p. 30). Altheide e Snow ( cit. ap . HJARVARD, 2014) desenvolvem análises das instituições sociais transformadas pela mídia e enfatizam a primazia da forma (da lógica midiática) sobre o conteúdo. - uma tradição socioconstrutivista , voltada para as prá- ticas de interação cotidianas – enraizada no interacionismo sim- bólico e na sociologia do conhecimento, aliados a uma teoria da mídia. Krotz ( cit. ap. HEPP, 2011; HJARVARD, 2014) entende a midiatização como um metaprocesso de mudança cultural e da sociedade, equivalente à individualização e à globalização, um processo contínuo, vinculado a uma época e a um contexto cul - tural específicos, que altera as relações e comportamentos hu - manos. Sua perspectiva é compartilhada por Hepp (2011), para quem o conceito de midiatização ultrapassa uma teoria da lógica e das transformações midiáticas e se refere ao panorama mais abrangente das relações de reciprocidade entre mudanças me- dia-comunicativas e mudanças socioculturais. Também o enfo- que de Bölin (2016) busca focalizar a mídia em sua totalidade, indagando sobre como sua integração historicamente construí- da na cultura e na sociedade veio formatando as esferas sociais e culturais. A estas duas tradições Bölin acrescenta uma terceira – tradição tecnológica –, enraizada na semiótica e antropologia estrutural, que trata das afetações da cultura e sociedade pelas tecnologias comunicativas e seus códigos específicos. Nessa tra -

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