Redes, sociedade e pólis: recortes epistemológicos na midiatização

Vera V. França 36 O termo, porém, não ganhou adesão. No entanto, as- sim como midiatização, ele expressa um caminho teórico, uma vertente conceitual no campo da Comunicação que toma como ponto de partida a força ordenadora dos meios (suportes) na formatação dos processos comunicativos e na dinâmica da pró- pria vida da sociedade. Ou seja, mesmo empregando nomes di- ferentes, vários autores vêm tratando desse cruzamento meios de comunicação / sociedade e cultura. T oria dos Meios Assim é que devemos lembrar o que, por falta de uma melhor nomeação, pode ser chamado de “Teoria dos Meios”. Embora não constitua um conceito ou escola específica, uma tra - dição vem se constituindo ao longo de décadas, através de auto- res que apresentam um foco específico no desenvolvimento das tecnologias comunicacionais. Podemos agrupar aqui os pionei- ros Harold Innis (1894-1952), Marshall McLuhan (1911-1980) e nomes mais contemporâneos, como Joshua Meyrowitz, Pierre Levy, Derrick de Kerckhove, Henry Jenkins. Estes autores são re- ferências importantes, seja ao preconizar (e antecipar) a impor- tância dos meios de comunicação na configuração do perfil da sociedade, seja para ajudar na compreensão das características das tecnologias digitais em nossos dias. Tais autores (e essa corrente de estudos), ainda que apareçam como referências importantes para os atuais estudos de mídia, não se situam exatamente no núcleo dos fundamentos teóricos da temática da midiatização, porque a ênfase que eles trazem tende mais para o viés tecnológico, configurando uma perspectiva que pode ser chamada de midiacêntrica. Embora haja uma variação na abordagem de cada um desses autores, uma “Teoria dos Meios” destaca a determinação conferida pela mídia às demais esferas da sociedade. Em contraste, as teorias de midiatização estariam en- fatizando sobremaneira a relação entre meios técnicos e cultura / sociedade. Porém cabe refletir o quanto de fato são escolas à parte, e se essa diversidade de enfoques não constitui exatamen - te a riqueza das diferentes teorizações sobre a incidência das práticas comunicativas na sociedade contemporânea. Ao fim e

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