Redes, sociedade e pólis: recortes epistemológicos na midiatização

Alcance e variações do conceito de midiatização 39 (das tecnomediações), separar a comunicação e a constituição da vida social, o comunicacional e o cultural, tratando-os como dinâmicas distintas e procurando identificar qual interfere em qual, parece-nos equivocado. Não sendo a mesma coisa, seu fun- cionamento é absolutamente imbricado, e é esta inserção e atra- vessamentos que devem constituir o foco de nossos estudos. IV – Síntese das contribuições Embora a palavra midiatização se encontre bastan- te difundida entre nós, é necessário dizer que o termo, em si, é prescindível, porém os debates em torno dele, reafirmando ou mesmo minimizando seu alcance, trazem importantes contri- buições para o estudo da sociedade contemporânea – esta que tem na presença da mídia um de seus pilares. Ou seja, não é pos- sível estudar a sociedade hoje, nas suas diferentes instâncias e campos, sem falar na mídia. Então é o caso de perguntar se a recíproca é verdadei- ra: é possível estudar a mídia focando estritamente no processo comunicacional, ou nas características desse ou daquele supor- te, no exame de linguagens e códigos específicos, prescindindo de uma abordagem contextual? Possível é. Porém o que as re - flexões em torno da midiatização nos ensinam é que recortar a comunicação do solo onde ela se instaura é pelo menos limitado – pois a comunicação é exatamente um dos movimentos (talvez o movimento central) que, junto com outros, constitui a vida so- cial e nos constitui. Assim, e numa breve revisão e resgate das questões suscitadas por nosso percurso, vale acentuar aspectos e diretri- zes trazidos por um e outro autor (de diferentes tendências) que se mostram significativos para os estudos comunicacionais – in - dependentemente de nossa maior ou menor adesão ao tema da midiatização: - Resgate do lugar institucional da mí ia. Uma vertente importante dos estudos sobre a midiatização enfatiza sobrema- neira seu lugar institucional na sociedade. Podemos tomar aqui instituição em seus dois sentidos. Numa perspectiva mais am- pla, conforme Marcel Mauss e outros, consideramos instituição

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