Redes, sociedade e pólis: recortes epistemológicos na midiatização

A midiatização em debate 57 xões realizadas. Há um pré-dado que informa e guia tanto a uti - lização como a compreensão do conceito. É importante sublinhar que a equivocidade não reside no conceito, como algo constitutivo dele. Pelo contrário, o que há é uma perspectiva distinta, de acordo com a realidade e o in- teresse de quem o utiliza. A inclinação, aqui, é para dizer que existe uma multivocidade. Isto é, muitas vozes para um mesmo conceito. Portanto, o conceito não é equívoco, mas plurívoco. Apresentamos aqui um percorrido inicial de algumas posições, a nosso ver mais relevantes, sobre o conceito de mi- diatização 3 . O trajeto permitiu ver a amplidão das abordagens e das compreensões do conceito de midiatização. De um lado, há perspectivas que consideram que a midiatização resulta de um processo de aparecer nos meios; isto é, ser publicitado, traba- lhado, transmitido pelos diversos meios. Os campos sociais se relacionam entre si e são afetados e afetam os meios de comuni- cação, nos seus diversos dispositivos. De outro lado, estão aquelas visões que veem a mídia agindo profundamente nas relações sociais, transformando a sociedade. Ela desenvolve um papel importante, mas ainda se identifica com um campo social ao lado dos outros. Nesse particular, a economia, a política e a religião, por exemplo, são profundamente afetadas pela estruturação social trazida pelos meios de massa. Numa visão mais sociológica, a midiatização é temati- zada como um paradigma para o estudo da sociedade. Indaga- se, nessa situação, qual é o futuro da teoria de campo, tão domi- nante nas reflexões sociológicas contemporâneas. Outra dimensão, principalmente ligada ao grupo ar- gentino 4 e seus parceiros brasileiros, procura ver a midiatização como a construção de uma ambiência distinta que está mudan- do o nosso modo de ser no mundo. É disso que passaremos a tratar agora. Pesquisadores da Inglaterra, Alemanha, Suécia, Noruega e Dinamarca (com ramificações na França e Portugal) 3 As análises das diversas opiniões no Brasil, Argentina e Europa estão consigna- das no relatório de pesquisa apresentado ao CNPq. 4 Desenvolvido no CIMI, da Universidade de Rosário, Argentina.

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