Redes, sociedade e pólis: recortes epistemológicos na midiatização

Análise geracional e mudança social midiatizada 71 embora haja exceções como Stig Hjarvard (2004), cujo foco está na midiatização da indústria de brinquedos. A relação entre mídia, cultura e sociedade, nesta abor- dagem, postula que a mídia afeta a sociedade (e, às vezes, a cul- tura) a partir do exterior, onde a mídia tem o papel de variá- vel independente. Isto também faz com que as análises, nesta abordagem, assumam modelos explicativos causais, em que a perspectiva histórica também é em grande parte linear. As ins- tituições midiáticas são vistas como separadas da sociedade, afetando-a causalmente a partir de fora. A perspectiva histórica também costuma ser bastante curta, raramente voltando além de meados do século XX. Um exemplo dessa perspectiva pode ser encontrado nesta citação: O processo de midiatização da política pode ser descrito como um processo pelo qual a importante questão envolvendo a independência da mídia em relação à política e à sociedade se conclui com a in- dependência da política e da sociedade em relação à mídia. (STRÖMBÄCK, 2008, p. 241). Dentro da abordagem tecnológica , os meios de comuni- cação são considerados em sua função de tecnologias e sistemas de signos. Também aqui são principalmente as tecnologias dos meios de massa tradicionais que estão em foco, mas o seu modo de comunicar é que está em foco, ou seja, os limites que eles es- tabelecem para uma comunicação significativa. Critica-se espe - cialmente o caráter um-para-muitos dos meios de massa, uma vez que ele não permite a “troca simbólica” (BAUDRILLARD, 1971). Esta perspectiva, baseada na antropologia estruturalista, na linguística e na semiótica, aponta mais para o código como o mecanismo decisivo, em comparação com a perspectiva insti- tucional em que é a instituição da mídia que impacta em outras esferas da sociedade. Esta abordagem também é causal em sua concepção da relação entre mídia e sociedade, onde o código afeta a sociedade de fora para dentro. Semelhantemente à pers- pectiva institucional, a concepção da história é linear, mas aqui é mais a ruptura no desenvolvimento linear que é enfatizada, e não a continuidade.

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