Redes, sociedade e pólis: recortes epistemológicos na midiatização

Göran Bolin 76 cialmente entre as coortes mais velhas, em que as condições da sociedade eram mais diferentes. Cada coorte geracional na figura 2 viajou pelo cenário midiático, mas a distância da sua trajetória não foi igualmente longa. Com Henri Lefebvre (1974/1991), podemos conceber o tempo como movimento no espaço. A trajetória da formação so- cial, ou geração, ao longo da unidade espacial que é o cenário midiático produz, assim, o tempo, tanto em sua concepção linear como tempo de calendário quanto no sentido de tempo pontual , ou seja, tempo que é definido por sua qualidade específica (cf. GEERTZ, 1973). Enquanto os indivíduos se movem pelo cenário tecnológico e simbólico da mídia, seus movimentos dão tanto a este espaço quanto a este tempo uma qualidade única que não existiria se não fossem as ações sociais destes indivíduos. O tempo, entretanto, não é produzido somente atra- vés do movimento no espaço. Ele também é formado em nossas construções discursivas do passado, quando recontamos nossas memórias midiáticas. Tomemos o rádio, por exemplo. Entre a ge - ração nascida durante a Segunda Guerra Mundial, o rádio era o meio mais importante. Mas o significado do rádio diferia conside - ravelmente entre coortes geracionais na Suécia e na Estônia. Na Suécia, os entrevistados lembraramdo conteúdo – dos programas de rádio reais. Na Estônia, era a tecnologia em si, uma vez que re- ceptores de rádio eram proibidos durante a guerra e logo depois. As experiências que os ouvintes estonianos e os suecos tiveram forammarcadas pelas circunstâncias históricas da sua ocorrência. IV – Geração como experiência Toda história de vida contém uma relação com a mí- dia contemporânea – seja o rádio, litografias reproduzidas em massa, telefones celulares ou jogos de computador. Isto porque uma geração não é algo que a gente é – mas algo que a gente se torna (cf. SIIBAK; VITTADINI, 2012); ela é ensaiada repetida- mente durante o curso de uma vida, ativada em determinados momentos, por exemplo em uma entrevista ou um reencontro de turma, embora esteja hibernando na maior parte do tempo. Este processo geracional de tornar-se quer dizer que estudar

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