Redes, sociedade e pólis: recortes epistemológicos na midiatização

Ilya Kiriya 86 Benjamin acerca da reprodutibilidade da arte que leva à perda progressiva da aura de autenticidade e sua orientação pública ampla. Enquanto para Benjamin esse processo é mais positivo (porque contribui para a aculturação da população em sentido mais amplo), para os estudiosos da Escola de Frankfurt ele leva à divisão do trabalho, à alienação em relação ao resultado do trabalho criativo, à constante perda de originalidade e da livre autoexpressão do autor. Aqui podemos ver o nascimento da principal peculiaridade do conceito de indústria. Na teoria econômica moderna, a noção de indústria é usada para designar um ramo específico da economia (indústria do aço, indústria automobilística, etc.). Mas, do ponto de vista da escola crítica e da economia política, essa noção descreve a re- produção mecânica em massa do bem dentro do marco da divi- são do trabalho. Deste ponto de vista, a indústria se opõe à pro- dução artesanal. Essa noção e entendimento da indústria e da industrialização são usados para distinguir a cultura industrial de outra (que permanece baseada nos princípios do artesanato). De acordo com a teoria das indústrias culturais (no plural), que aparece no final da década de 1970, na França, o ele - mento central das indústrias culturais é a função do editor. Essa função é geralmente desempenhada por empresas que reúnem o lado artístico e o lado técnico do processo, com base na repro- dução técnica e na distribuição (HUET et al ., 1978). Geralmente, o processo criativo (ou artístico) não é mensurável e é realizado por equipes criativas, principalmente sob os princípios do arte- sanato, enquanto a função de reprodução técnica e distribuição está apenas transformando o “conceito” de produção artesanal em mercadoria. A função de editor é desempenhada por uma editora no caso da indústria de livros, empresa cinematográfica (ou maior) no campo da produção de filmes, selo musical na in - dústria fonográfica. A chamada escola francesa surge devido a algumas transformações industriais do setor de mídia e comunicação, na Europa, na segunda metade do século XX, como o aumento do peso de tais indústrias dentro da estrutura das economias con- temporâneas, a desregulamentação no campo do setor audiovi- sual em toda a Europa e a intensificação do intercâmbio cultural transnacional. Assim, a problemática era orientada principalmen-

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